Em seu novo livro, lançado nesta segunda-feira (23), o papa Francisco se referiu à minoria muçulmana uigur que vive na China como um povo perseguido. É a primeira vez que o pontífice reconhece a situação dos uigures na China, mesmo sendo pressionado há anos por ativistas de direitos humanos a fazê-lo. Oficialmente o Vaticano nunca se pronunciou a respeito dos campos de concentração que o governo chinês mantém na província de Xinjiang, onde mais de um milhão de uigures já foram detidos.
"Penso muito nos povos perseguidos: os rohingya, os pobres uigures, os yazidis – o que o Daesh fez com eles foi muito cruel – ou os cristãos no Egito e no Paquistão, mortos por bombas detonadas enquanto rezavam na igreja", afirma Francisco no livro intitulado "Vamos sonhar juntos", que começará a ser vendido em 1º de dezembro.
Analistas afirmam que o papa estava evitando comentar sobre a situação dos uigures porque estava em processo de negociação com Pequim sobre um acordo para a nomeação dos bispos que atuam na China. Este acordo provisório, firmado em 2018, foi renovado por mais dois anos em 22 de outubro, mantendo o reconhecimento de que os bispos nomeados na China devem ter a aprovação do Partido Comunista Chinês e do Vaticano.