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O alto representante da União Europeia (UE) para a política externa, Josep Borrell, afirmou nesta terça-feira que os talibãs "ganharam a guerra" no Afeganistão e que agora será preciso "negociar com eles".
"Não é questão de reconhecimento oficial, mas de negociar com eles. Teremos que nos envolver com eles e, ao mesmo tempo, estar muito vigilantes com o respeito às obrigações internacionais com as quais os governos afegãos anteriores se comprometeram nos últimos 15 anos", disse Borrell em entrevista coletiva ao término de uma reunião com ministros da UE para abordar a crise afegã.
Em declaração aprovada pelos Estados-membros e publicada após a reunião, Borrell frisou que "a cooperação com qualquer futuro governo afegão estará condicionada a uma solução pacífica e inclusiva e ao respeito pelos direitos fundamentais de todos os afegãos", incluindo as mulheres, os jovens e as minorias. Estará também condicionada ao respeito das obrigações internacionais do Afeganistão, um compromisso de combate à corrupção e de prevenção da utilização do seu território por organizações terroristas.
O chefe da diplomacia da UE assegurou que a UE utilizará "toda a sua influência econômica e política" para ajudar a população afegã. Borrell disse que "não teve tempo" para fazer contato com os talibãs, mas que planeja reforçar a delegação da UE em Cabul "não para tirar as pessoas de lá, mas para fazer as pessoas entrarem, a fim de poder ter um diálogo com os talibãs por razões práticas". Como exemplo, citou que "levar 400 pessoas das suas casas para o aeroporto, para pegar diferentes aviões, em diferentes momentos, em diferentes grupos, é uma operação que não pode ser implementada sem algum tipo de acordo com os talibãs".