Mais de 300 mil livros de escolas e bibliotecas da Turquia foram destruídos pelo governo do presidente Recep Tayyp Erdogan desde 2016, segundo o ministério da Educação do país, em uma ação para acabar com qualquer menção ao clérigo Fethullah Gülen, acusado de instigar uma tentativa de golpe militar contra o presidente turco em 2016. Gülen, que hoje vive nos Estados Unidos, nega a acusação.
Entre os 301.878 livros destruídos havia obras de ficção, de história e livros didáticos. Um grupo de jornalistas independentes que mantém um site chamado "Turkey Purge" (Expurgo da Turquia) relatou que um dos livros de matemática que foi queimado continha um enunciado onde se lia "do ponto F ao G", iniciais do clérigo. Outro, segundo relatos da imprensa local independente, foi destruído, editado e reimpresso porque continha a palavra "Pennsylvania", onde Gülen vive atualmente.
A perseguição do governo turco após a tentativa de golpe levou ao fechamento de escolas, editoras e jornais não alinhados a Ankara. Segundo a ONG English Pen, medidas de emergência introduzidas na Turquia em 2016 resultaram no fechamento de 140 veículos de imprensa e um número estimado de 2.500 jornalistas desempregados até 2018, no que foi classificado pelo grupo como uma "crise de liberdade de expressão".