Premier não antecipará eleições

Londres – O premier britânico Gordon Brown declarou ontem que assume a "total responsabilidade" da decisão de não convocar eleições antecipadas, o que o fez perder parte da credibilidade. "Assumo a total responsabilidade do que aconteceu", declarou Brown durante sua coletiva de imprensa mensal, no dia seguinte a que pôs fim às especulações sobre as eleições antecipadas, ao anunciar que não convocaria uma consulta geral antes de 2009.

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Londres – A Grã-Bretanha irá cortar pela metade suas tropas no Iraque e pode retirar todos os militares até o fim de 2008. A partir de março, o contingente será reduzido de 5 mil para 2.500 soldados, afirmou ontem o primeiro-ministro Gordon Brown. Enquanto o premier discursava no Parlamento, do lado de fora, milhares de pessoas protestavam contra a guerra e pediam a retirada dos soldados.

Um funcionário do governo britânico disse ontem, sob anonimato, que não está descartada a possibilidade de se retirar todo o contingente do Iraque até o final do ano que vem. "Não há garantias de que eles (os soldados britânicos) estarão lá após o fim de 2008", disse.

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Brown reiterou que a retirada é viável diante do progresso alcançado no treinamento das forças iraquianas. Ele descreveu como "calma" a situação em Basra – região no sul do Iraque onde se concentram os britânicos. "Os iraquianos estão prontos para assumir a responsabilidade da segurança", disse o premier.

Durante uma visita ao Iraque na semana passada, Brown já havia anunciado que 500 soldados voltariam para a casa até o fim do ano. O contingente de 2.500 que permanecerá no Iraque será responsável por treinar novos soldados iraquianos. Outros 500 soldados serão transferidos para bases de apoio no Oriente Médio provavelmente no Kuwait.

Principal aliado dos EUA na guerra, a Grã-Bretanha enviou 45 mil soldados para o Iraque durante a invasão em 2003. Cerca de 7 mil militares permaneceram no país nos últimos quatro anos, localizados principalmente em áreas xiitas, ricas em petróleo. Desde o início do conflito, 170 soldados britânicos já morreram no Iraque.

Ao determinar a extensão no corte das tropas, Brown levou em conta a pressão feita por, basicamente, três frentes: o eleitorado britânico, que, em sua maioria, se opõe à guerra e vem pressionando o governo pela retirada; o comando militar do país, que já havia reclamado sobre a presença no Iraque e a Casa Branca.

O anúncio de ontem, segundo analistas, pretende recuperar o apoio de Brown junto à população e ao Exército. O objetivo de Brown seria também se distanciar de seu antecessor, Tony Blair, que teve sua popularidade atingida ao se aliar aos EUA na invasão ao Iraque.

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Em relação aos EUA, a chancelaria britânica explicou que o corte nas tropas foi discutido em detalhes com os militares americanos. "É um número (2.500 soldados) com o qual o general David Petraeus (principal comandante dos EUA no Iraque) está contente", disse um funcionário do governo britânico, sob condição de anonimato.

Em seu discurso ao Parlamento, Brown também revelou planos para ajudar os iraquianos que trabalharam com as tropas britânicas, especialmente os intérpretes. Com a retirada, muitos deles passam a ser perseguidos e mortos por milícias, que os acusam de trabalhar para os invasores.

Para lidar com o problema, Brown disse "os funcionários que trabalharam por mais de um ano com as tropas britânicas poderão se inscrever em um programa de ajuda financeira, para se mudarem para outros lugares no Iraque, na região e, de acordo com as circunstâncias, até na Grã-Bretanha".