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Após 10 anos, Tony Blair deixa um legado impopular

A cara de bom moço de Tony Blair não resistiu a cinco guerras e investigações por corrupção. O homem que nos últimos dez anos esteve à frente do governo da Grã-Bretanha deixará o cargo nas próximas semanas com uma impressionante reversão de sua popularidade. Hoje, apenas 27% dos ingleses o apóiam. Em 1997, eram 93%.

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Confirmado nesta quinta-feira como futuro primeiro-ministro britânico, Gordon Brown prometeu um novo estilo de governo para reconstruir a credibilidade do desmoralizado e impopular Partido Trabalhista, depois de uma década sob o comando de Tony Blair.

No entanto, ele afastou qualquer mudança na relação com Washington, apesar da insatisfação pública com o inabalável apoio de Blair ao presidente George W. Bush a respeito do Iraque.

"Vou liderar um novo governo com novas prioridades", disse Brown depois de ser confirmado como único candidato à liderança partidária. "Trata-se de um tipo diferente de política, um diálogo mais aberto e honesto."

Ele prometeu recuperar a confiança da população nos políticos, ouvir, aprender e fazer da saúde e da educação as suas prioridades.

Esta quinta-feira marca o fim de uma espera de 13 anos de Brown para se tornar líder trabalhista. Na Grã-Bretanha o líder do partido majoritário automaticamente se torna premiê. Brown será o premiê apenas depois de Blair renunciar, em 27 de junho.

O futuro primeiro-ministro encontrará um partido e um país divididos pela guerra do Iraque após uma década de Blair. O novo líder terá que se empenhar para assegurar uma quarta vitória consecutiva dos trabalhistas na próxima eleição nacional, prevista para no máximo 2010.

Brown não perdeu tempo para apresentar propostas, mas o fato de chegar ao cargo sem ser votado, nem mesmo internamente, foi ressaltado pelo líder da oposição conservadora, David Cameron, que qualificou a transição de "risível".

"Se Gordon Brown realmente quer restaurar a confiança, deveria dar ao povo britânico a chance de votar nele numa eleição geral", disseram os conservadores em nota.

Brown tem caminho livre para se tornar primeiro-ministro porque seu único potencial rival, um parlamentar da ala trabalhista mais à esquerda, não obteve apoios parlamentares suficientes para figurar na disputa. Brown obteve o apoio de 313 dos 353 deputados trabalhistas.

"Para os que sentem que o sistema político não ouve e não se importa, para os que de alguma forma se sentem impotentes e perderam a fé, vou me esforçar para merecer sua confiança", afirmou Brown, que prometeu mudanças constitucionais para tornar os políticos mais responsáveis por seus atos.

Brown "começou falando nas coisas certas", disse o deputado trabalhista Ian Gibson, crítico contumaz de Blair. "(Mas) ele terá de entrar em ação bem rapidamente para restaurar a confiança das pessoas."

As pesquisas mostram que o início da campanha de Brown à liderança partidária deu um impulso aos trabalhistas, que apesar disso ainda são lideradas pelos conservadores.

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