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Argentina

Buenos Aires proíbe linguagem neutra nas escolas e irrita governo Fernández

Escola na capital argentina: governo de Buenos Aires alegou que o objetivo é valorizar as regras oficiais da língua espanhola, diante da piora nos índices de avaliação da educação (Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni)

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O governo da cidade de Buenos Aires passou a proibir que os professores de escolas da capital argentina usem algumas formas da chamada linguagem neutra.

O prefeito Horacio Rodríguez Larreta disse nesta sexta-feira (10) em entrevista coletiva que a medida visa “simplificar” a maneira como os alunos aprendem, após uma avaliação do aprendizado apresentar resultados ruins.

“Estamos acrescentando outra medida com a ideia de simplificar a maneira como as crianças aprendem e incorporam a linguagem. A ideia é ordenar o uso da 'arroba', do 'x' e do 'e' no ensino, estabelecendo um guia de práticas recomendadas para comunicar de forma inclusiva”, afirmou.

Por ora, estão proibidas expressões como “chiques” (de “chicos”, crianças) e “todxs”.

A decisão da capital irritou o governo do esquerdista Alberto Fernández. O ministro argentino da Educação, Jaime Perczyk, alegou que a melhora do ensino “não se faz proibindo” a linguagem neutra, segundo declarações reproduzidas pela Associated Press.

“Você tem que pensar que, se tantos meninos e meninas usam essa linguagem, isso reflete outra coisa, uma situação de injustiça, de machismo, e que se eles a utilizam é porque entendem que é uma ferramenta para isso mudar”, alegou.

Através de uma resolução divulgada na quinta-feira (9) pela administração da capital argentina, foi estabelecido que os professores de creches e escolas primárias e secundárias devem desenvolver atividades de ensino e comunicação institucional com as regras da língua espanhola, suas normas gramaticais e diretrizes oficiais.

“Os resultados das avaliações mostram um retrocesso na linguagem e na escrita. Por isso é muito importante esclarecer bem os conteúdos para que os jovens aprendam da maneira mais clara possível”, acrescentou Rodríguez Larreta.

A ministra da Educação da cidade, Soledad Acuña, alegou a jornalistas que a chamada linguagem neutra não está proibida como um todo, mas que o objetivo é incentivar outras formas de utilizá-la sem distorcer a língua espanhola. Ela alegou que a decisão não representa “uma caça às bruxas”.

O método de avaliação utilizado para medir os índices educacionais da cidade de Buenos Aires mostrou uma queda nos níveis de aprendizagem. De um total de 40.335 alunos no ensino primário, apenas 14,9% estão em níveis avançados de aprendizagem de práticas linguísticas, enquanto 34,2% permanecem em um nível básico e 6,4% não conseguiram responder a perguntas simples em textos sem complexidade.

No caso do ensino secundário, de um total de 40.865 alunos, somente 13,6% se enquadraram no nível avançado, 32,9% no nível básico de compreensão de leitura e 18,7% não conseguiram resolver o exame.

“Para promover a aprendizagem da leitura e da escrita, eles têm que dominar as normas da língua espanhola, como ela é. Depois disso, caberá a cada indivíduo decidir como quer adaptá-la, mas, na escola, a língua espanhola deve ser respeitada, porque os índices nos mostram que é urgente”, frisou Larreta.

Esclarecimento: Uma versão anterior desta reportagem utilizava o termo linguagem inclusiva. O termo foi corrigido para linguagem neutra.

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