A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bulllrich, divulgou na tarde desta quinta-feira (14) um plano para evitar transtornos à população durante os protestos contra o governo do presidente Javier Milei que estão sendo convocados por sindicatos e movimentos de esquerda.
A ex-candidata à presidência pela coligação Juntos pela Mudança apontou que as quatro forças de segurança federais (Gendarmaria, Prefeitura Naval, Polícia Federal e Polícia de Segurança Aeroportuária) e o Serviço Penitenciário Federal vão intervir para desmobilizar piquetes e bloqueios, “sejam parciais ou totais”. “Será utilizada força proporcional à resistência”, disse Bullrich.
A ministra anunciou que serão aplicadas punições contra quem levar crianças a esses bloqueios. “Não vamos permitir que as usem como escudos”, disse ela.
Outra medida do protocolo é que todos os custos ligados às operações de segurança serão cobrados das organizações responsáveis.
“O Estado não vai pagar pelo uso das forças de segurança. As organizações que têm personalidade jurídica ou os indivíduos a elas ligados terão que pagar”, acrescentou a ministra, que apontou que os dados dos “autores, cúmplices, participantes, instigadores e organizadores” serão enviados às autoridades competentes.
“A lei não é cumprida pela metade; é cumprida ou não é cumprida”, afirmou Bullrich. “O objetivo deste protocolo é, por um lado, cumprir a lei: como diz o presidente, quem faz, paga. E por outro lado, é estabelecer um protocolo que proteja as forças federais no desempenho do seu dever. É muito importante compreender que vivemos durante muitos anos sob absoluta desordem”, disse a ministra.
Na segunda-feira (11), dia seguinte à posse de Milei, sindicatos e forças políticas de esquerda convocaram para o dia 20 os primeiros protestos contra o governo do economista libertário.
Nesta data, é lembrada todos os anos a grave crise de 2001 na Argentina, que desencadeou grandes protestos e saques e levou à renúncia dos presidentes Fernando de la Rúa (1999-2001) e Adolfo Rodríguez Saá (2001).
Nesta quinta-feira, antes de Bullrich anunciar as medidas, um dos sindicatos, a Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE), afirmou que não aceitará as restrições.
“Os conflitos sindicais e sociais não têm que ser resolvidos pela polícia ou pela Justiça. Devem ser resolvidos por quem governa, pois é para isso que são eleitos”, disse Rodolfo Aguiar, secretário-geral da ATE, segundo informações do Clarín.
“Estas medidas visam atacar as consequências e não as causas dos protestos. Se não querem conflitos, que parem com o ajuste [fiscal] e aumentem os salários”, afirmou o sindicalista.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura