Com ajuda de telescópios em órbita e em terra, um grupo de astrônomos encontrou o buraco negro estelar de maior massa já detectado, em uma galáxia praticamente "vizinha" da nossa Via Láctea. O buraco M33 X-7 é 15,7 vezes mais maciço que o nosso Sol. O achado levantou a dúvida entre os cientistas: como um buraco negro tão grande pode ter se formado?
Um buraco negro "estelar" surge depois do colapso de uma estrela de grande massa. O que é mais estranho nesse caso é que o M33 X-7 não está sozinho, mas na órbita de uma gigantesca estrela, 70 vezes mais maciça que o Sol - a mais maciça companheira de um buraco negro já vista. A enorme estrela também deve se transformar em uma supernova, e, depois disso acontecer, o sistema será formado por dois buracos negros.
Esse exótico sistema binário surpreendeu os astrônomos, que apresentaram seus resultados na edição desta semana da revista científica "Nature". Os modelos de teoria astronômica atuais não conseguem explicar direito como algo do tipo pode ter se formado. A coisa, por enquanto, não faz sentido.
Para formar um buraco negro com esse, a estrela original deveria ter mais massa do que sua companheira. Uma estrela como essa, no entanto, precisaria ter um raio maior do que a distância que atualmente separa os dois corpos, o que indica que as duas estrelas devem ter dividido uma atmosfera externa só. Mas esse tipo de fenômeno gera uma grande perda de massa no sistema, o que, na teoria, deveria ter impedido a formação de um buraco negro como o que foi detectado.
Para fazer sentido, a estrela "mãe" do buraco negro deve ter perdido massa em uma taxa cerca de 10 vezes mais lenta do que a prevista pela teoria. Se isso for possível e estrelas de grande massa forem mesmo capazes de perder pouca matéria, um dos mais recentes mistérios da astronomia pode começar a fazer sentido: o da supernova SN 2006gy, cuja estrela pode ter tido até 150 vezes a massa do Sol quando explodiu.
A dupla descrita pelos astrônomos na Nature está na galáxia M33, a "apenas" 3 milhões de anos luz da Terra, o que não é uma distância muito grande em termos astronômicos. Os resultados foram encontrados ao combinar dados do Observatório de Raios-X Chandra, da Nasa, em órbita da Terra, e do telescópio Gemini, do Observatório de Mauna Kea, no Havaí.