Londres - A burocracia no processamento de um mandado de prisão impediu ontem a captura do fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, 39 anos, que estaria escondido na Inglaterra. Ele é acusado pela Justiça da Suécia de estupro, assédio sexual e coerção ilegal.
"Autoridades britânicas e suecas sabem como fazer contato com ele [Assange], e os órgãos de segurança sabem exatamente onde ele está, disse Mark Stephens, advogado de Assange.
Segundo representantes do WikiLeaks, Assange preferiu permanecer escondido após ter recebido ameaças de morte relacionadas aos vazamentos de informações do site a respeito da diplomacia americana.
Ontem, a Interpol emitiu um alerta internacional, incluindo Assange na lista dos suspeitos mais procurados do mundo. O objetivo é prendê-lo e extraditá-lo para a Suécia, onde será interrogado não há condenação contra ele.
Embora autoridades suecas tenham enviado um mandado internacional de prisão destinado agência britânica de combate ao crime organizado, a polícia britânica não tentou capturá-lo.
O motivo foi que o mandado elaborado por promotores suecos tinha irregularidades. Não cumpria o requisito fundamental de detalhar as penas máximas para os crimes atribuídos a Assange.
Tommy Kangasvieri, chefe da unidade internacional da polícia sueca, afirmou que os problemas do mandado foram resolvidos, mas a informação foi contestada pelo advogado Stephens. Até a noite de ontem Assange permanecia livre.
A equipe de advogados de defesa de Assange tentou derrubar o mandado de prisão em uma instância superior da Justiça sueca, mas a decisão foi mantida.
Assange alega ser inocente das acusações de crimes sexuais supostamente praticados contra duas mulheres na cidade de Gotemburgo, na Suécia. Ele afirma que a relação sexual que manteve com elas, embora sem proteção, foi consensual.
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Philip Crowley, disse ontem que Assange é um "anarquista" que não merece a proteção que os jornalistas devem ter.
Retaliação
O advogado de defesa de Assange na Suécia, Bjoern Hurtig, afirmou que lutará contra um possível pedido de extradição de seu cliente para a Suécia e insinuou que a verdadeira motivação das autoridades do país é uma retaliação ao WikiLeaks.
Entre os 250 mil documentos da diplomacia americana que começaram a ser divulgados nesta semana estão comentários do embaixador americano Michael Woods sobre a política de imparcialidade internacional do país.
Segundo os documentos, o discurso oficial da Suécia sobre a não participação em alianças militares é apenas de fachada.
Os EUA e a Suécia teriam acordos de cooperação militar e de inteligência para combater terroristas, que deveriam ser mantidos em segredo para evitar críticas.