O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, reiterou nesta quinta-feira (24) que a reforma migratória em debate no Congresso norte-americano não oferece uma "anistia" para os que violam a lei e pediu ao Senado que aprove uma medida que "corrija o maltratado sistema de imigração".
"Este projeto de lei não oferece uma anistia, que representaria um perdão sem sanções", disse Bush. A proposta impõe uma série de requisitos para os imigrantes ilegais, segundo o presidente afirmou nesta entrevista coletiva, em uma mensagem dirigida aos conservadores opostos ao plano de reforma.
O Senado dos EUA iniciou na semana passada um inflamado debate sobre esse projeto de lei, de 628 páginas, que pretende legalizar a população clandestina, fortalecer a segurança fronteiriça e controlar os futuros fluxos migratórios.
O plano de legalização para os 12 milhões de imigrantes ilegais exige que, para obter a residência permanente, eles "reconheçam que violaram a lei, paguem uma multa, se submetam a uma revisão de antecedentes, tenham trabalho fixo" e não tenham histórico criminal, insistiu Bush.
Mas os conservadores insistem que o projeto é uma anistia desmerecida e que, tal como está, não vai conter a imigração ilegal.
O governo Bush realiza pressão para manter intacta a essência da reforma, negociada entre democratas, republicanos e a Casa Branca na semana passada. No entanto, o presidente sofreu um revés na última quarta-feira, quando o Senado aprovou uma emenda que reduz à metade os 400.000 vistos "E" concedidos anualmente a trabalhadores temporários, para setores como construção civil, jardinagem e hotelaria.
O programa de trabalhadores temporários concebido concederá vistos durante três períodos de dois anos cada um, com a exigência de que o imigrante ilegal volte ao país de origem durante um ano entre cada prazo.
O programa, que é peça-chave da reforma, suscitou críticas tanto da direita quanto da esquerda nos EUA.
Entre os ajustes aprovados desde o começo do debate também está uma emenda que impõe prisão para quem reincidir em atravessar ilegalmente a fronteira. Outra emenda aumenta de 18.000 para 20.000 o número de agentes da Patrulha de Fronteira e uma terceira autoriza a construção de barreiras ao longo de 482 quilômetros na divisa com o México.
O Senado continuará modificando o texto do projeto de lei e prevê submetê-lo a uma votação final em junho, depois do recesso legislativo da próxima semana, por causa do feriado dos mortos de guerra.
Iraque e Irã
Na aparição nos jardins da Casa Branca, durante a entrevista coletiva, Bush também falou de sua outra grande prioridade legislativa: a aprovação das verbas para a Guerra do Iraque.
Ele também defendeu a adoção de sanções mais rígidas contra o Irã e afirmou que tratará do tema com a Rússia e a China para conseguir isolar o regime de Teerã.
"Temos que fortalecer o regime de sanções", disse Bush, dias depois de um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) ter informado que o governo do Irã acelerou seu programa nuclear.
Bush também afirmou ser "inaceitável" que autoridades iranianas tenham recentemente detido vários iranianos-americanos no Irã e disse que Washington deixou clara sua posição a Teerã.
"Eu acabei de falar com Condoleezza Rice, e vamos trabalhar com nossos parceiros europeus para desenvolver mais sanções", disse Bush quando questionado sobre o impasse nuclear. "E, claro, vou discutir a questão com (o presidente russo) Vladimir Putin, assim como com o presidente (chinês) Hu Jintao", acrescentou.
"A primeira coisa que esses líderes têm que entender é que um Irã com uma arma nuclear seria incrivelmente desestabilizador para o mundo. É do interesse deles que trabalhemos com cooperação para continuar a isolar aquele regime", completou ele.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, acusou o Ocidente na quinta-feira de tentar acabar com um programa atômico do Irã para reduzir sua influência no mundo, e deixou claro que não se dobraria à pressão.
Potências ocidentais suspeitam que o Irã quer desenvolver bombas nucleares, mas Teerã afirma que suas atividades têm apenas o objetivo de gerar energia para que o país possa exportar mais petróleo e gás.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse na quarta-feira que o Irã está realizando avanços substanciais no enriquecimento de urânio desafiando as exigências mundiais, abrindo caminho para sanções mais duras contra Teerã.
O Conselho de Segurança da ONU já aplicou duas rodadas de sanções contra o Irã desde dezembro.
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