Buenos Aires (Reuters) — O presidente norte-americano, George W. Bush, afirmou que o líder brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, é homem "interessante" e que ambos compartilham dos mesmos ideais quanto ao combate à fome e à pobreza. As declarações foram publicadas ontem, pelo jornal argentino La Nácion, com base em uma entrevista concedida em Washington, antes de Bush embarcar para a 4.ª Cúpula das Américas, que será realizada na cidade argentina de Mar del Plata amanhã e sábado. "Tem gente que tem uma visão de George W. em um sentido e de Lula em outro sentido. E não há sentidos diferentes quando dois homens podem criar um terreno comum", afirmou.

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O presidente norte-americano também disse ter uma boa relação com Lula. "Podemos ter sentidos políticos diferentes, mas compartilhamos dos mesmos objetivos e estabelecemos uma relação boa, cordial e franca", acrescentou. O presidente dos EUA se encontrou com Lula na Casa Branca, em 2002, mas Bush nunca veio ao Brasil, algo que fará após a cúpula na Argentina, cumprindo uma visita de dois dias. O presidente dos Estados Unidos afirmou considerar o Brasil um país "muito, muito importante".

Ao ser questionado sobre como é a dinâmica de trabalho dele com Lula, que é amigo de virtuais inimigos dos Estados Unidos, como o presidente cubano Fidel Castro e o venezuelano Hugo Chávez, entre outros, Bush disse que não cabe a ele determinar quem são os amigos do presidente brasileiro. "Ele é um líder eleito de um grande país e pode tomar decisões para discutir assuntos com quem quiser. Francamente, tem sentido que em sua posição, de país gigantesco, (o Brasil) tenha relações com todos os líderes da América do Sul e do Caribe", afirmou. "Nunca discuti com ele quem são seus amigos."

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Alca atolada

Bush deve chegar amanhã a Mar del Plata, primeira parada desta primeira viagem à América Latina desde que foi reeleito. O presidente dos EUA tem deixado claro que sua prioridade nas negociações comerciais não é o projeto paralisado da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e sim um acordo sobre a liberalização do comércio dentro da rodada de Doha. "A Alca está atolada, estou de acordo. Mas, por outro lado, neste momento, a rodada de Doha se impõe como prioridade, porque não envolve apenas nossos vizinhos, e sim o mundo inteiro", assegurou o presidente, insistindo no papel-chave do Brasil em negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).