O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, negou na sexta-feira que seu país aprove a tortura, depois de o vice-presidente Dick Cheney ter concordado, esta semana, com a utilidade do emprego de técnicas de afogamento no interrogatório de suspeitos de terrorismo.
Na terça-feira, um apresentador de uma rádio conservadora de Fargo, na Dakota do Norte, perguntou a Cheney: ``O senhor concorda que o uso do afogamento é uma coisa óbvia a ser feita se puder salvar vidas?'' E o vice respondeu: ``Bem, para mim é uma coisa óbvia.''
A declaração provocou críticas de defensores dos direitos humanos, que o acusaram de endossar uma técnica conhecida como ''submarino'', que simula o afogamento e é considerada uma forma de tortura por alguns ativistas.
``Se a Síria ou o Irã prenderem um americano, Cheney está dizendo que não haveria nenhum problema se eles afundarem a cabeça daquele norte-americano na água até ele quase se afogar, se eles acharem que é isso o que precisam fazer para salvar vidas iranianas ou sírias'', disse Tom Malinowski, um dos diretores da Human Rights Watch.
Questionado sobre a declaração, Bush não falou especificamente sobre ela. ``Este país não tortura. Não vamos torturar. Vamos interrogar as pessoas que capturarmos no campo de batalha para determinar se elas têm ou não informações que nos sejam úteis para proteger o país'', disse Bush.
O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, insistiu em dizer que as autoridades norte-americanas não falam publicamente sobre técnicas de interrogatório porque elas são confidenciais.
``O vice-presidente não fez nenhum comentário sobre o 'submarino''', disse Snow. Ele classificou a pergunta do apresentador como ``vaga'' e minizou a resposta de Cheney.
As técnicas de interrogatório norte-americanas ganharam destaque depois do surgimento do escândalo de maus-tratos a presos no Iraque e no Afeganistão, que afetou a imagem dos Estados Unidos no mundo todo.
A possibilidade de o ``submarino'' ser usado como técnica de interrogatório foi um dos fatores do motim de três senadores republicanos, em setembro, contra a proposta de Bush de definir um programa de interrogatório da CIA para suspeitos de terrorismo.
A Casa Branca recusa-se a descrever quais técnicas de interrogatório serão permitidas dentro desse programa, embora o senador republicano pelo Arizona John McCain já tenha dito ter certeza de que o ``submarino'' e outras técnicas como aquela serão proibidas.