Atualizada em 08/11/06, às 17h27min

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O presidente George W. Bush, em pronunciamento público transmitido pelas TVs americanas, anunciou saída do secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, e a indicação de Robert (Bob) Gates para o cargo. Gates se tornará o 22º secretário de Defesa dos Estados Unidos, depois de ser confirmado pelo Senado.Reuters

Gates foi diretor da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) de novembro de 1991 a janeiro de 1993, o posto mais alto de uma carreira de 26 anos na agência.

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Ele presidia uma universidade no Texas, a A&M University, um conglomerado de instituto de pesquisas e graduação que recebe fundos da Nasa e do Escritório de Pesquisa Naval, entre outros. Ela tem um corpo de cadetes e é a instituição civil que mais fornece oficiais comissionados às Forças Armadas americanas.

Bush disse a saída de Rumsfeld não é boa notícia para os inimigos dos Estados Unidos.

- Não fiquem alegres - disse ele, acrescentando que as reviravoltas da democracia americana não significam "falta de vontade".

Rumsfeld pediu demissão em função da derrota republicana nas eleições de terça-feira. Ele vinha sofrendo uma barragem de críticas há muito tempo, mesmo antes da reeleição de Bush em 2004, por causa da condução da ocupação no Iraque e a tão falada "guerra contra o terror".

Desde março de 2003, quando os americanos entraram no Iraque, os Estados Unidos perderam 2.832 soldados.

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US$ 100 mil por minuto

Trata-se de uma invasão que, ao lado da ocupação no Afeganistão, já custou quase meio trilhão de dólares. No início deste ano, as estimativas na imprensa americana era de algo como US$ 18 mil por minuto no Afeganistão e US$ 100 mil por minuto no Iraque.

Um editorial publicado pelo "The New York Times" nesta quarta-feira afirma que o "trabalho pós-eleitoral número um" seria a retirada de Rumsfeld, por causa de sua atuação na guerra do Iraque.

Outra crítica recente foi o pedido expresso de renúncia feito em editorial pela revista militar "Army Times", nas bancas americanas desde a segunda-feira passada. O título do editorial é "Rumsfeld deve ir".

O editoral salientou que, quando comandantes militares começam, publicamente, a discordar do secretário de Defesa, é hora mesmo de ir.

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Oito generais reformados haviam pedido, no início deste ano, a saída de Rumsfeld. Um deles, Paul D. Eaton, comandara o treinamento das forças de segurança iraquianas até 2004. A avaliação dele, segundo texto publicado na página de opinião do "New York Times":

"Primeiramente, seu fracasso na armação de coalizões com nossos aliados, que ele chamou de "velha Europa", tem imposto demandas e riscos muito maiores nos nossos soldados no Iraque. Segundo, ele alienou seus aliados entre nossos próprios militares, ignorando o conselho de oficiais experientes e negando aos subordinados qualquer chance de dar sugestões".

O general Anthony C. Zinni, que dirigiu o Comando Central das forças americanas até o ano de 2000, disse na TV que os americanos estavam pagando "o preço da falta de um planejamento crível, ou de uma falta de plano... Dez anos de planejamento foram jogados fora". O Comando Central é a parte que, na divisão mundial militar americana, responde pela área que vai da África do Sul ao Oeste da Ásia - aí incluídos Afeganistão e Iraque.

O general John Batiste, que comando a Primeira Divisão de Infantaria no Iraque até o ano passado, disse ao "Washington Post" em abril deste ano que ele deveria sair e dar lugar a "alguém que pode ser mais realista". "Precisamos de liderança que respeite os militares como eles esperem que os militares os respeitem. E a liderança precisa entender o que é trabalho de equipe".

Rumsfeld deu de ombros, dizendo que, se a cada queixa de dois ou três generais o comando da defesa mudasse, o posto se pareceria com um carrossel. Porém um colunista do "Washington Post" disse que as críticas dos generais reformados espelhavam 75% dos oficiais ativos que estão lá, no Iraque.

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Bush também deu de ombros. Para ele, Rumsfeld era "exatamente o que é preciso" (fala registrada em abril deste ano).