O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou em entrevista, às vésperas de embarcar para Panamá, Brasil e Argentina, onde participará de uma cúpula pan-americana, que sua proposta para a criação de uma zona de livre comércio no continente está paralisada, e que é hora de se dedicar a um acordo global para a redução de subsídios agrícolas.

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Bush disse a jornalistas na terça-feira que não mudou de idéia sobre a necessidade da criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), mas que por enquanto, as negociações da chamada Rodada Doha, iniciada em 2001 pelos países que integram a Organização Mundial do Comércio, são mais importantes.

A Alca deveria ter sido criada neste ano, mas disputas entre os Estados Unidos e Brasil, Argentina e Venezuela impediram o cumprimento do cronograma. O presidente americano reconheceu a paralisação das conversas continentais num momento em que os negociadores da cúpula Argentina, que acontecerá nos próximos dias 4 e 5, discutem se devem incluir na agenda um compromisso de retomar a criação da Alca em 2006.

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- A Alca está parada, concordo. Por outro lado, a esta altura, a Rodada Doha realmente supera a Alca como prioridade, porque a Rodada Doha não envolve apenas a nossa vizinhança, envolve o mundo inteiro - disse Bush.

Washington propõe acabar com os subsídios americanos aos seus produtores agrícolas se outros países envolvidos nas negociações mundiais fizerem o mesmo.

Até agora, os progressos têm sido lentos. União Européia, Estados Unidos, Brasil, Índia e vários outros países tentam redigir uma proposta sobre a redução de subsídios agrícolas e tarifas para a reunião da Organização Mundial do Comércio que acontecerá em dezembro em Hong Kong.

Bush, que no fim de semana será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com um churrasco em Brasília, e depois participa da cúpula de 34 países em Mar del Plata, falou a jornalistas de veículos da Argentina, do Brasil e do Panamá, três países que ele disse nunca ter visitado.

Ele viaja num momento em que os EUA têm menos aliados numa região que, em geral, se opôs à guerra do Iraque e se considera desprestigiada pelos americanos.

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Bush destacou os benefícios do comércio e da democracia, e reconhece que nem todos concordam com as decisões que ele toma.

- A verdade é que tem gente em todo o mundo que discordou de decisões que tomei. E entendo que isso aconteça quando se tomam decisões. Não acho que boas relações signifiquem necessariamente que alguém tem que concordar com os Estados Unidos da América cem por cento do tempo. Boa relação é respeito mútuo e desejo de trabalhar junto para resolver problemas comuns.

Bush demonstrou ceticismo ao comentar as insinuações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, defendendo a criação de uma usina nuclear para produzir energia, apesar de sua imensa reserva de petróleo. Apesar de ser um importante consumidor do petróleo produzido na Venezuela, os Estados Unidos consideram a Venezuela um problema na região. Atualmente, Washington já faz uma ofensiva diplomática contra Irã e Coréia do Norte por causa de programas nucleares.

- Suponho que, se eu fosse um contribuinte na Venezuela, iria me perguntar sobre a oferta de energia que a Venezuela tem, mas talvez isso faça sentido - disse Bush, acrescentando que, se necessário, conversará com o seu colega argentino, Nestor Kirchner, sobre o assunto.