Washington O presidente George W. Bush vetou ontem um projeto de lei bipartidário que iria expandir dramaticamente a cobertura médica para as crianças americanas, num confronto com o Congresso dos EUA.
Foi apenas o quarto veto da presidência Bush. Alguns integrantes do próprio partido do presidente, o Republicano, temem que o episódio traga graves conseqüências para as pretensões da agremiação nas eleições do ano que vem. O Senado aprovou o projeto com votos suficientes para derrubar o veto, mas a margem na Câmara dos Representantes foi um pouco menor do que o número exigido.
O veto é um jogada de alto risco para Bush, jogando-o não apenas contra a oposição democrata que controla as duas Casas do Congresso desde janeiro, mas também contra membros de seu próprio partido e o público em geral.
A Casa Branca tentou despertar a menor atenção possível, com o presidente exercendo seu direito de veto atrás de portas fechadas sem qualquer declaração ou cobertura da imprensa.
O Programa Estadual de Segurança da Saúde Infantil é um esforço conjunto de estados e do governo federal para subsidiar cobertura médica para 6,6 milhões de pessoas, a maioria crianças de famílias cujos rendimentos não as qualificam para o programa de cobertura médica para os pobres, mas que não ganham o suficiente para pagar assistência médica particular.
Os democratas aprovaram com significativo apoio republicano o projeto de lei que acrescenta US$ 35 bilhões ao programa para permitir que outros 4 milhões de crianças recebam a assistência. O gasto seria financiado com o aumento do imposto sobre cigarros de 61 centavos para um dólar por maço.
O presidente já havia adiantado que vetaria o projeto democrata, argumentando que ele era custoso demais, que extrapolou seu objetivo inicial de ajudar os pobres, e que permitiria que pessoas que agora pagam assistência médica privada passassem para a cobertura do governo. Ele quer um aumento de apenas US$ 5 bilhões em gastos.
Uma pesquisa Washington Post/ABC News mostrou que mais de sete em cada 10 americanos apóiam o aumento de US$ 35 bilhões.
Bush argumenta que o plano do Congresso seria um passo na direção da socialização da medicina, ao expandir o programa para famílias de classe média.
Democratas contestam, destacando que o objetivo é cobrir mais de um milhão de crianças que não têm assistência médica e que o projeto de lei oferece incentivos financeiros para estados para darem, primeiro, cobertura a famílias carentes.
Das mais de 43 milhões de pessoas nos EUA que não têm assistência médica pública ou privada, mais de 6 milhões têm menos de 18 anos. Isto significa mais de 9% de todas as crianças americanas.
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