O busto do ex-presidente da Síria Hafez Assad (1930-2000), que fica na Praça Desembargador Armando Carneiro, no bairro Portão, em Curitiba, motivou dois protestos rivais na tarde de ontem. De um lado, 15 membros de entidades políticas e sociais exigiram a retirada da estátua, que representa o atual governo sírio. Do outro, 16 pessoas da comunidade síria defendiam a preservação da escultura.
Inaugurado em 2002 pelo então prefeito Cassio Taniguchi, o busto do pai do atual presidente Bashar Assad homenageia os primeiros imigrantes sírios da capital paranaense. Como o governo sírio é acusado de repressões violentas, que levaram ao conflito com o Exército Livre da Síria, um grupo de ativistas sem vínculos com o país resolveu manifestar indignação contra a estátua.
"Não podemos aceitar que Curitiba mantenha uma homenagem a um ditador, que é contra a liberdade de um povo", disse o advogado Avanilson Araújo, que neste ano foi candidato a prefeito da capital paranaense pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Segundo ele, uma petição vai circular a cidade em busca de assinaturas de apoio à retirada do busto.
Reação
Os manifestantes da comunidade síria que, do outro lado da praça, seguravam cartazes com imagens de Bashar Assad, criticaram o protesto opositor por não representarem suas demandas. "Nós estamos a favor do governo sírio, então queremos que a estátua fique", disse o comerciante Ghassan Youssef.
"Se o povo da Síria quisesse o presidente fora do país, ele sairia", disse à Gazeta do Povo Abdo Dib Abage, cônsul honorário do país no Paraná e em Santa Catarina . "Esses manifestantes não falam por nós, nem por ninguém que vive na Síria."
Um outro protesto contra a estátua está marcado para abril de 2013. Manifestantes da comunidade síria já garantiram que estarão lá para manter o busto intacto. Desde março de 2011, o conflito na Síria provocou a morte de 40 mil pessoas.
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