A Justiça da Noruega condenou, nesta segunda-feira (12), uma cabeleireira a pagar 10 mil coroas norueguesas - cerca de R$ 4 mil - por ter negado a entrada em seu estabelecimento de uma mulher que usava o hijab, véu islâmico. A profissional, que foi considerada culpada do crime de discriminação por motivos religiosos, também teve que arcar com os custos processuais, no valor de 5 mil coroas norueguesas.
O caso ocorreu no ano passado, quando a jovem muçulmana Malika Bayan, acompanhada de uma amiga, visitou o salão de beleza de Merete Hodne, localizado na cidade de Bryne, no Sudoeste do país. Ao perguntar à proprietária quando custava o corte, Malika ouviu que o estabelecimento “não aceitava clientes [muçulmanos] como ela” e foi embora.
Em sua defesa, Merete alegou que enxerga o véu como um símbolo relacionado ao totalitarismo. “Quando vejo um hijab eu não penso em religião, mas sim em ideologias e regimes totalitários”. No entendimento do tribunal, a cabeleireira “discriminou Malika Bayan intencionalmente ao enxotá-la de seu salão de beleza pelo fato de ser muçulmana”.
O histórico de Merete também corroborou para a sua condenação. A norueguesa é conhecida por participar de movimentos anti-islâmicos, como o Pegida (“Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente”, da sigla em alemão), e por fazer posts contrários à religião em seu Facebook. Ao se pronunciar à rede de televisão TV2, a cabeleireira ainda disse que “a ideologia do Islã é maligna, e o hijab é um símbolo desta ideologia, assim como a suástica era um símbolo do Nazismo”.
A vítima, por sua vez, afirmou que já se sentira discriminada anteriormente, mas não de forma tão agressiva. “[A situação] me machucou de muitas formas. Eu me senti pequena, estúpida, não integrada, ferida. Eu não entendi como um lenço em minha cabeça poderia provocar isso”, afirmou Malika.
Colaborou: Mariana Balan.
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