Washington - Cientistas da Nasa (agência espacial dos EUA) revelaram nesta semana que o telescópio Kepler localizou um planeta com diâmetro aproximado ao da Terra e que orbita uma estrela similar ao nosso Sol, batizada de Kleper-9.
Essa é a primeira vez que a missão Kepler anuncia um candidato a planeta com tamanho equiparado ao da Terra. Em março de 2009, uma espaçonave pesando mais de uma tonelada foi lançada em busca de planetas como o nosso que possam manter a vida. O planeta descoberto estava entre 700 outros candidatos anunciados pela equipe em junho. Ele possui composição similar à da Terra, apesar de sua massa ser três ou quatro vezes maior.Os astrônomos estão cada vez mais descobrindo planetas de tamanho similar ao da Terra devido à procura de sistemas planetários que se pareçam com nosso Sistema Solar.
"Isso representa um passo significativo para cumprir o objetivo do Kepler, que é determinar quantos planetas similares à Terra orbitando estrelas similares ao Sol existem", diz Matthew Holman, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian. Holman é o principal autor de um artigo que descreve as descobertas feitas até agora publicado na revista científica Science.
Planetas do tamanho da Terra inseridos em órbitas que não sejam muito quentes ou muito frias são considerados lugares alternativos para serem habitados no Universo.
A equipe do Kepler também observou dois planetas gigantes do tamanho de Saturno ao redor da mesma estrela, a Kepler-9.
Europeus
Em outra frente de pesquisa, astrônomos da European Organisation for Astronomical Research (ESO) declararam na terça-feira ter encontrado um novo sistema de planetas orbitando uma estrela, a HD 10180, que é similar ao Sol. O sistema planetário, localizado a 127 anos-luz da Terra, tem ao menos sete exoplanetas. Um desses planetas tem 1,4 o diâmetro da Terra.
O chefe das observações da equipe europeia, Cristophe Lovis, da Universidade de Genebra, diz que o grupo tinha certeza da existência de cinco planetas orbitando a HD 10180, todos com massa similar a de Netuno [3,8 vezes maior que a Terra], mas depois de um exame mais detalhado das órbitas mais próximas da estrela e verificou-se que haviam mais dois planetas menores.
Os cientistas não estão seguros com relação ao último planeta, o que tem diâmetro pouco maior que o da Terra. "No caso do menor, temos cerca de 1% de possibilidade de alarme falso. Para nós, 99% não são suficientes para ter realmente certeza", afirma Lovis. A descoberta dos planetas que orbitam a HD 10180 resulta de seis anos de observações realizadas pelo telescópio do Observatório Europeu do Sul, instalado no Chile.
Avanços
Durante os 15 anos que se passaram após a descoberta do primeiro planeta extra-solar orbitando uma estrela parecida com o Sol, os astrônomos conseguiram localizar quase mais de 500 planetas na mesma situação. Os primeiros a serem descobertos eram gigantes gasosos compostos, na maioria das vezes, de hidrogênio, como Júpiter que se localizavam em órbitas muito próximas de suas estrelas.
Com os avanços nos métodos de detecção, os astrônomos começaram a descobrir planetas de tamanhos mais similares ao da Terra em sistemas planetários com um número de planetas muito próximo ao número encontrado em nosso sistema solar.
O pequeno planeta orbitando a Kepler-9, descoberto pelos cientistas da Nasa, completa a órbita em torno da estrela em um dia e meio, estando a 4 milhões de quilômetros do astro. Já o planeta orbitando a HD 10180 está mais próximo e completa sua órbita mais rápido: ele se localiza a menos de 3,5 milhões de quilômetros da estrela e leva 28 horas para completar sua órbita. A Terra, por sua vez, se localiza a cerca de 150 milhões de quilômetros do Sol e leva 365 dias para completar sua órbita.
"Se uma única palavra pudesse descrever nosso Sistema Solar, seria a palavra diverso. Planetas são comuns. Suas propriedades é que são diversas", observa Douglas N.C. Lin, professor de astronomia e astrofísica da Universidade da Califórnia, que não está envolvido com as descobertas.
Técnica
Até hoje, a maioria dos planetas extra-solares foi descoberta utilizando a técnica da equipe européia, que consiste da observação de tremor es no comprimento de onda de luz de uma estrela causados pelo vai e vem do reboque gravitacional de planetas "invisíveis".
Alguns planetas foram detectados ao se perceber que o brilho das estrelas era ofuscado momentaneamente quando tais planetas passavam em frente delas.
A duração de tempo em que o brilho diminui ajuda a calcular o tamanho do planeta, e o intervalo de tempo entre cada diminuição auxilia a medir a duração da órbita do planeta.
A missão Kepler utiliza esta noção e a aplica em larga escala quando analisa a faixa de espaço nas constelações de Lira e Cygnos (Cisne) para observar continuamente o brilho de 156 mil estrelas.
Alarmes
Um cientista da missão, Dimitar Sasselov, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, criou frisson mês passado quando disse em uma palestra que o Kepler havia descoberto muitos planetas semelhantes a Terra. Ele acabou dizendo mais tarde que os candidatos não haviam sido confirmados e que deveria ter dito que eles eram do tamanho similar ao da Terra, não semelhantes à Terra. Os instrumentos do Kepler não conseguem medir propriedades atmosféricas ou geológicas.
Para confirmar que as variações de brilho estrelar são de fato planetas, os cientistas precisam eliminar a possibilidade de fenômenos que podem causar variações similares.
"Daqui a alguns anos conseguiremos dar uma resposta", prevê William J. Borucki, principal investigador da missão Kepler.
Tradução: Thiago Ferreira
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