As forças insurgentes na Líbia comemoraram ontem a mais importante vitória militar do levante popular travado há mais de seis meses no país rebeldes tomaram Bab al-Aziziyah, complexo que abriga a sede do governo e a residência oficial do ditador Muamar Kadafi. Ele segue desaparecido.
Cenas transmitidas pela televisão mostraram rebeldes celebrando dentro do complexo. Insurgentes levantavam a cabeça de uma estátua do ditador como um troféu.
Tropas do governo e moradores favoráveis ao regime, porém, ainda disputam o controle de Trípoli. A violência, inclusive a de rebeldes, preocupa ONGs.
A invasão
Após quatro dias de confrontos, rebeldes líbios invadiram hoje em Trípoli o complexo do ditador, cuja queda parece cada vez mais próxima.
A entrada em Bab al-Aziziyah, o conjunto de prédios que abriga a sede do governo e a residência oficial de Kadafi, é a mais importante conquista militar dos insurgentes desde o início do levante.
Não estava claro, até agora, qual proporção do complexo estava tomada. Os rebeldes creem poder ter pleno controle da capital nos próximos dias.
Também é desconhecido o paradeiro do ditador, mas predomina a tese de que ele se encontra em Bab al-Aziziyah.
À noite, manifestantes antirregime tomaram a simbólica praça Verde, onde Kadafi reunia multidões de simpatizantes até dias atrás. Com os primeiros rumores da entrada dos rebeldes em Bab al-Aziziyah, mulheres eram vistas nas janelas cantando o "iú-iú" tradicional dos festejos em países árabes.
Crianças foram às ruas agitando a bandeira tricolor, usada na Líbia antes do golpe de Kadafi, em 1969.
Ação coordenada
A entrada em Bab al-Aziziyah é fruto de uma ofensiva lançada há várias semanas. A ação envolveu avanço rumo a Trípoli coordenado por sul, oeste e leste e uma intensificação dos bombardeios da Otan (aliança militar ocidental), com respaldo da ONU.
Na chegada à capital, rebeldes enfrentaram forte resistência. Há dezenas de mortos entre civis e insurgentes.
Grupos de moradores de Trípoli que apoiam o regime recorreram em massa a armas pessoais para defendê-lo. Um dos moradores pró-Kadafi apontou uma metralhadora para o repórter ao ser questionado sobre uma eventual mudança de regime.
Trípoli ainda tem vários focos de combate, e há relatos de tiros disparados por franco-atiradores nos arredores do complexo de Kadafi. Causa medo entre oposicionistas o rumor de que agentes pró-Kadafi agitam bandeiras rebeldes para despistar e atacar inimigos.