Kiev - A coalizão de governo pró-Ocidente da Ucrânia caiu ontem e ainda não está claro se os políticos do país conseguirão formar a tempo um novo governo ou se eleições antecipadas serão convocadas.
O governo liderado pela primeira-ministra, Yulia Tymoshenko, e integrado por partidos leais ao presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, ficou apenas nove meses no poder. A coalizão caiu em meio a uma persistente disputa de poder entre Yushchenko e Tymoshenko. Os dois lideraram a chamada "Revolução Laranja", de 2004, mas logo depois tornaram-se rivais políticos.
Tanto Yushchenko quanto Tymoshenko são pró-Ocidente, mas a rivalidade e as trocas de acusações acentuam-se à medida que se aproximam as eleições presidenciais previstas para 2010 no país.
Yushchenko acusou Tymoshenko de "traição" e de tentar estabelecer uma "ditadura" na Ucrânia, com apoio da oposição pró-Moscou. Já Tymoshenko minimizou a crise, chamando-a de uma "tempestade em uma xícara" e disse que não é aliada da Rússia.
De qualquer maneira, a primeira-ministra deverá agora renunciar e tentar formar uma nova coalizão de governo, possivelmente com apoio da oposição pró-russa. Tymoshenko deverá continuar como interina no cargo de premier até o novo governo ser formado, o que poderá ocorrer em 30 dias. Após essa data, se um governo não for formado, o presidente Yushchenko deverá antecipar as eleições.
A crise política atual começou quando Yushchenko retirou seu partido, o Nossa Ucrânia, da coalizão de governo, em 3 de setembro, após Tymoshenko se aliar com a oposição pró-Moscou e ex-comunista para passar uma lei que limita os poderes do presidente.
A Ucrânia tem 47 milhões de habitantes e é vista como um país importante na disputa pelo predomínio político e econômico entre a Rússia, União Européia e Estados Unidos no Leste Europeu. O país é essencial para a exportação dos combustíveis russos à Europa Ocidental e é cortado por três gasodutos, dois dos quais levam o gás natural russo através da Eslováquia até a Áustria e um terceiro através da Romênia e Bulgária até Istambul. Yushchenko disse ontem que não aceitará "interferências externas" na Ucrânia, em referência velada à Rússia.