O presidente Felipe Calderón alertou nesta terça-feira que a guerra contra as drogas no México se intensificará, provavelmente elevando os já alarmantes níveis de violência.
Mais de 28 mil pessoas morreram em incidentes associados ao narcotráfico desde o final de 2006, quando Calderón tomou posse e mobilizou as Forças Armadas para reprimir o tráfico de entorpecentes.
No fim de semana, quatro corpos sem cabeças, genitais e dedos indicadores foram pendurados em uma ponte perto de uma localidade turística nos arredores da Cidade do México, segundo a polícia.
"Não descarto que haja mais surtos da violência que estamos testemunhando. E mais, a vitória que estamos buscando, e vamos conseguir, é impensável sem mais violência", disse Calderón a uma rádio. "Este é um processo de autodestruição dos criminosos."
Com uma milionária ajuda financeira dos Estados Unidos, e com o envolvimento de mais de 45 mil soldados e milhares de policiais, o México combate cartéis que também disputam entre si as lucrativas rotas de exportação de cocaína para os Estados Unidos, além do mercado local de drogas.
Num momento em que o México se recupera da sua pior recessão desde 1932, a violência tem assustado turistas e investidores, e muitas empresas locais se queixam de sofrer extorsões de traficantes.
O governo de Calderón já conseguiu derrubar alguns chefes do narcotráfico, e fez milhares de prisões. Mas a violência -- inclusive em cidades prósperas como Monterrey, perto da fronteira com os EUA -- cria uma pressão para que o governo mude de estratégia.
Calderón se comparou a um médico que diagnosticou um câncer. "O câncer não começou quando o médico chegou e o detectou. É o contrário", disse.
Na sexta-feira passada, pistoleiros atacaram seguranças em frente a uma escola de elite em Monterrey. Depois do incidente, o embaixador dos EUA no México sugeriu aos funcionários consulares de Monterrey que mantivessem seus filhos em casa.
"O forte aumento nos incidentes de sequestro na região de Monterrey (...) representam um altíssimo risco para as famílias de cidadãos dos EUA, que podem se tornar vítimas incidentais", alertou o consulado em nota.Analistas do mercado de drogas dizem que o Exército por si só não conseguirá derrotar os cartéis, e que Calderón deveria promover reformas para combater a corrupção endêmica no Judiciário, na polícia e no sistema carcerário.
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