O presidente do México, Felipe Calderón, reconheceu ontem que houve um "recrudescimento" da violência no último ano provocado pelo crime organizado no país.
Apesar de notar que a situação não deve mudar rapidamente, ele afirmou que é possível derrotar os criminosos. Em uma mensagem sobre seu quarto informe de governo, o presidente disse que a delinquência se tornou "a principal ameaça" para a paz dos mexicanos e pediu a todos os setores que se unam contra o crime.
O governo obteve vitórias sobre os criminosos no período, mas nos últimos dias ocorreu um dos piores massacres do país, quando foram assassinados 72 imigrantes no Estado de Tamaulipas, no norte mexicano. "Sou plenamente consciente de que neste último ano o problema da violência recrudesceu", reconheceu Calderón. No entanto, O líder prometeu seguir no combate contra o crime, "pelo simples fato de que está em jogo a segurança dos cidadãos".
"Se queremos que os cidadãos do amanhã tenham um México seguro, devemos assumir hoje os custos de obtê-lo", discursou Calderón. A violência foi atribuída por ele a "uma guerra cada vez mais cruel" entre os grupos do crime organizado, que disputam novos territórios e rotas do narcotráfico. "Este processo de confrontação debilita esses grupos, mas causa enorme intranquilidade e perturbação na sociedade", afirmou.
A última grande vitória do governo ocorreu esta semana, com a prisão de Edgar Valdez Villarreal, apelidado de "La Barbie", apontado como um dos principais líderes do narcotráfico no país.
O criminoso confessou, em interrogatório, que começou uma guerra entre os próprios cartéis quando Joaquín "El Chapo" Guzmán rompeu um pacto e começou a lutar para controlar Ciudad Juárez, fronteiriça com os Estados Unidos e controlada pelo cartel de Juárez. O advogado de Valdez disse que pedirá a deportação dele para os Estados Unidos, por ele ser um cidadão norte-americano.
"A barbárie cometida contra os imigrantes há alguns dias é uma expressão a mais desta diversificação criminal", disse Calderón. A violência atribuída ao crime organizado e ao narcotráfico já deixou mais de 28 mil mortos em todo o país, desde que o governo lançou uma guerra contra o narcotráfico, em dezembro de 2006.