Prisioneiros e também soldados que fazem a segurança na fronteira com o México foram convocados para ajudar a população que foge do incêndio no estado e também a controlar os incêndios que já atingem o território mexicano.
Com quase 8 mil homens, os bombeiros ainda ganharam a ajuda de 2.600 prisioneiros adultos e menores infratores para lutar contra incêndios que devastaram mais de 166.000 hectares em quatro dias, além de equipes dos estados vizinhos do Arizona e de Nevada.
Os presos, convocados diretamente pelo governador Arnold Schwarzenegger, são do Departamento de Correção e Reabilitação da Califórnia. Só podem participar do programa os prisioneiros em boa forma física, sem histórico violento, como seqüestro, abuso sexual, e tentativas de fuga. Já os menores de idade podem ganham indulto.
Os soldados, que puderam deixar a segurança contra a entrada de imigrantes ilegais, ajudam principalmente a controlar as rotas de fuga e impedir que pessoas se aproximem muito do fogo ou de áreas de risco.
Os bombeiros têm ainda 90 aviões equipados para espargir produtos químicos que retardam o avanço das chamas, incluindo um DC-10, 25 aviões cisternas e 40 helicópteros.
Mais de meio milhão de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas por causa dos incêndios que afetam o sul da Califórnia e que já destruíram quase 1.300 residências e edifícios.
As chamas provocaram ainda a maior retirada de moradores nos Estados Unidos desde as passagens dos furacões Katrina e Rita pelo país em 2005.
De acordo com o último boletim oficial, divulgado terça-feira (23) à noite, pelo menos 16 focos de incêndio arrasaram mais de 166.000 hectares de terreno onde a vegetação seca se transformou em lenha. Além disso, os fortes ventos do deserto provocam uma das piores crises desencadeadas pelo fogo na história do estado.
Os incêndios, atiçados pelas temperaturas superiores aos 30 graus, deixaram um morto e 20 feridos desde domingo. As chamas afetam as áreas de residências milionárias de Malibu e áreas de classe média e baixa próximas à fronteira com o México, em San Diego, 200 km ao sul de Los Angeles.
Grande parte dos bombeiros começou a chegar à região depois que o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, pediu ao presidente George W. Bush, que visitará a região nesta quinta-feira (25), a declaração do estado como zona de emergência.
A declaração representou o anúncio de ajuda federal para dominar o desastre natural mais grave dos Estados Unidos desde as inundações de Nova Orleans provocadas pelo Katrina há dois anos.
Desta vez a região de San Diego é a mais afetada, com cidades como Rancho Bernardo, Fallbrook e Ramona reduzidas a cinzas.
Diante da situação, o grande estádio da cidade, o Qualcomm, se transformou em refúgio para 20.000 pessoas.
No local, ricos e pobres, de várias idades, passam as noites, alguns sem saber a situação de suas casas.
"Aproximadamente 513 mil pessoas no condado de San Diego receberam ordens obrigatórias de sair da região. Outras 12 milpessoas receberam a recomendação de abandonar suas casas, também ameaçadas pelas chamas", informa um comunicado oficial deste condado que faz fronteira com o México.
"Estamos diante de uma situação infeliz na qual se juntaram três coisas: áreas muito secas, temperaturas muito altas e muito viento, o que provoca as condições perfeitas para o incêndio", afirmou Schwarzenegger após visitar as zonas destruídas da cidade turística de montanhas de Lake Arrowhead, 150 km ao leste de Los Angeles.
Nesta cidade milhares de pessoas foram esvazaiadas. Na mesma região, o incêndio destruiu 160 residências em San Bernardino.
"O corpo de bombeiros e as força de segurança estão esgotadas porque existem muitos incêndios se propagando. Os ventos são erráticos e imprevisíveis, não se pode dizer até onde nem até quando as chamas se deslocarão", disse o supervisor do condado de Los Angeles, Zev Yaroslavsky.
No final de 2003, pelo menos 22 pessoas morreram na Califórnia em incêndios que destruíram 3.000 casas e 3.000 quilômetros quadrados.