Obama fala com a imprensa ao lado do vice Joe Biden depois que os deputados aprovaram pacote fiscal no Congresso| Foto: Jonathan Ernst/Reuters

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Republicanos devem dificultar negociação de teto da dívida americana

Agência O Globo

A dificuldade para aprovar o pacote fiscal na Câmara – de maioria republicana e conservadora – antecipa a batalha que será a elevação do teto de endividamento dos EUA. O Tesouro americano tem no máximo dois meses de margem de manobra antes de o governo ser incapaz de rolar seus compromissos. Para autorizar novas emissões de títulos, os republicanos vão exigir cortes significativos de despesas. Obama certamente só os aceitará se novas receitas forem levantadas. Um plano de longo prazo para redução do déficit público, que ataque o crescimento de despesas, especialmente de programas sociais, e gere receitas, continua pendente nos EUA, pois o pacote que passou no Congresso foi pontual e emergencial.

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Mesmo com a resistência de grande parte da bancada republicana, a Câmara dos EUA aprovou, pouco antes das 2h da manhã de ontem, no horário de Brasília, o pacote que passara na madrugada do dia 1º no Senado cancelando aumento de impostos e adiando cortes automáticos de despesas que empurrariam a economia americana no chamado abismo fiscal.

Ainda ontem, os mercados financeiros do mundo todo responderam bem à aprovação do pacote fiscal nos EUA.

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Sem maioria na oposição para apresentar uma emenda que previa uma tesoura de US$ 300 bilhões em gastos, o que remeteria a legislação de volta aos senadores e deixaria entrar em vigor as medidas, o presidente da Câmara, o republicano John Boehner, colocou a proposta em apreciação, e esta foi aprovada por maioria simples, 257 a 167 votos.

O presidente Barack Obama, que interrompeu suas férias de fim de ano no Havaí para acompanhar passo a passo as negociações na capital, assinou a lei logo em seguida e fez pronunciamento.

Após um dia de protestos da ala mais conservadora do Partido Republicano, frustrada com a ausência de mecanismos de contenção do crescimento das despesas num pacote recheado de aumento de gastos, venceu o argumento de que o Partido Republicano seria responsabilizado por levar a economia americana a uma possível recessão, conforme estimativas de analistas e organismos independentes.

A oposição tentará emplacar a discussão sobre ampla trava ao crescimento das despesas federais, especialmente em programas sociais como Seguridade, Medicare e Medicaid, em breve, nas negociações para elevação do teto de endividamento dos EUA, atualmente em US$ 16,4 trilhões e atingido dia 31 de dezembro.

Obama se antecipou e, no pronunciamento na Casa Branca, afirmou que não cairá nas redes da oposição nas dicussões para aumento do teto da dívida. "Não terei outra briga com o Congresso sobre se pagaremos por contas que já assumimos", disse o presidente, lembrando que negociar a habilidade de os EUA honrarem seus compromissos tem consequências para a economia global. "Não podemos tomar este caminho novamente."

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Os republicanos na Câmara também acabaram politicamente constrangidos pelo apoio estrondoso da oposição ao pacote costurado no Senado pelo líder da minoria, Mitch McConnell, e o vice-presidente Joe Biden, que foi aprovado por 89 votos a oito nas primeiras horas deste feriado.

Os deputados ficariam marcados como intransigentes e irresponsáveis – a configuração do abismo provocaria turbulências nos mercados no primeiro dia útil de 2013, quando as medidas entrariam efetivamente em vigor.