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A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou na noite de terça-feira uma medida que recomenda a apresentação de acusações penais por desacato contra Mark Meadows, então chefe de gabinete do ex-presidente americano Donald Trump, por ele ter se recusado a testemunhar no comitê que investiga a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro.
A votação terminou em 222 a 208, com dois republicanos votando com os democratas a favor da medida.
A decisão foi tomada um dia após a divulgação, por parlamentares americanos, de uma série de mensagens de texto enviadas a Meadows durante o ataque ao Capitólio. Segundo essas mensagens, o filho de Trump, Donald Trump Jr., e três apresentadores da Fox News apelaram ao chefe de gabinete que convencesse o presidente a interromper os atos dos seus apoiadores.
"Precisamos que o Salão Oval [gabinete de Trump] trate disso", escreveu Trump Jr. "Ele [o presidente] precisa comandar agora. Isso foi muito longe e saiu do controle", disse, e acrescentou: "Ele precisa condenar essa m*** agora mesmo".
Em resposta, o então chefe de gabinete disse: "Estou pressionando. Eu concordo".
Laura Ingraham, apresentadora da Fox News, escreveu: "O presidente precisa dizer para as pessoas no Capitólio irem para casa. Isso está prejudicando a todos nós. Ele está destruindo o seu legado".
Sean Hannity, apresentador de um programa no horário nobre da Fox News, também escreveu a Meadows: "Ele pode fazer uma declaração? Pedindo que as pessoas deixem o Capitólio".
Brian Kilmeade, um dos apresentadores do programa matinal Fox & Friends, pediu ao chefe de gabinete: "Por favor. Coloque ele na TV. [Está] destruindo tudo o que vocês conquistaram".
As mensagens de texto são parte dos cerca de 9 mil documentos entregues por Meadows ao comitê da Câmara que investiga os eventos de 6 janeiro, antes que ele encerrasse sua colaboração.
A votação na Câmara ocorreu após o comitê de investigação recomendar que Meadows seja acusado. A questão segue agora para o Departamento de Justiça, que decidirá se o ex-chefe de gabinete será processado.
O advogado de Meadows disse em comunicado emitido antes da votação na terça-feira que o seu cliente ainda está colaborando com o comitê de algumas formas.
Meadows foi representante da Câmara pelo estado da Carolina do Norte até deixar o Congresso americano para se tornar funcionário do governo Trump, em março de 2020. Recentemente ele lançou um livro sobre os bastidores da Casa Branca durante a gestão Trump, no qual revelou que o republicano testou positivo para Covid-19 dias antes do que foi revelado oficialmente.