Trinta e cinco republicanos na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos se uniram aos democratas nesta quarta-feira, 19, em uma votação para criar uma comissão bipartidária para investigar o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio. Ao decidirem apoiar a proposta, os deputados desprezaram os líderes do partido que condenaram a iniciativa como injustamente partidária e desnecessária.
Os rebeldes republicanos foram liderados pelo deputado John Katko, que escreveu a proposta com o presidente da Comissão de Segurança Interna, o democrata Bennie Thompson. A medida prevê criar uma comissão de dez membros - com cinco nomeados de cada partido - para investigar a invasão ao Capitólio. Katko, o principal republicano dessa comissão, afirmou: "Eu encorajo a todos os membros, republicanos e democratas, a baixarem suas armas uma vez, apenas uma vez, e a apoiarem este projeto", disse Katko.
Todos os dez republicanos que votaram em janeiro pelo impeachment de Trump apoiaram o texto da comissão nesta quarta-feira. Entre eles, está Liz Cheney, a crítica de Trump mais proeminente do Partido Republicano na Câmara, embora ela não tenha falado durante o debate desta quarta-feira. A votação ocorre uma semana depois que seus colegas a destituíram da posição de liderança republicana por criticar repetidamente Trump por seu papel no ataque e por suas falsas alegações de que perdeu a eleição por causa de fraude eleitoral generalizada.
Um moderado e ex-promotor, Katko defendeu a comissão proposta como um passo justo e necessário para entender o ataque, como ele aconteceu e que melhorias de segurança o Capitólio precisa para prevenir um ataque futuro. "Trata-se de fatos. Não é política partidária", disse ele incisivamente.
Os 35 desertores representaram uma proporção relativamente modesta, mas ainda significativa dos republicanos da Câmara, dos quais 175 se opuseram à legislação.
O desafio desses legisladores ressaltou a divisão do partido, já que líderes tentavam evitar a investigação a qualquer custo para não enfurecer o ex-presidente, cujo apoio eles acreditam que precisarão para retomar o controle da Câmara nas eleições de 2022.
A Câmara, controlada atualmente pelos democratas, aprovou a medida por 252 a 175 e a enviou ao Senado, onde os democratas enfrentam uma luta difícil para angariar pelo menos 10 votos republicanos para continuar com a medida.