O primeiro-ministro britânico David Cameron apresentará nesta segunda-feira (22), no Parlamento, o acordo para que o Reino Unido permaneça na União Europeia, mas depende da vontade de seus próprios colegas conservadores que agem muitas vezes como oposição.
O prefeito de Londres, Boris Johnson, com quem Cameron estudou no colégio e na universidade, e um dos políticos mais cotados para suceder o premiê, anunciou no domingo que apoia o chamado “Brexit”, a saída do Reino Unido.
“Eu farei campanha pela saída da União Europeia”, anunciou Boris Johnson em um discurso em frente a sua casa em Londres, ressaltando, no entanto, que não irá participar de debates televisionados contra seu partido.
Segundo o jornal The Times, metade dos 330 deputados conservadores darão as costas a Cameron.
O jornal The Guardian afirma, por sua vez, que apenas os militantes conservadores de duas de suas 70 delegações locais estão a favor de continuar na UE.
Em um artigo publicado nesta segunda-feira pelo The Daily Telegraph, Johnson explica que o referendo “é uma oportunidade única na vida de realizar mudanças reais” nas relações de Londres com seus vizinhos europeus.
Continuação
Cameron começou no sábado o desafio de convencer seus ministros e a população britânica em geral da conveniência de votar em favor da permanência do país na União Europeia, anunciando a realização do referendo em 23 de junho.
No dia seguinte ao acordo em Bruxelas, o líder britânico reiterou que o Reino Unido será “mais forte, mais seguro e mais próspero dentro de uma União Europeia reformada”, durante uma breve alocução em Downing Street.
Segundo Cameron, a consulta será “uma das decisões mais importantes deste país”, e, defendendo o “sim”, o premiê britânico ressaltou que as concessões obtidas por ele dos líderes europeus na sexta-feira darão ao país “o melhor dos dois mundos”.
“Deixar a Europa ameaçaria a nossa segurança econômica e nacional”, sustentou o líder conservador.
O anúncio da data marcou o início de uma campanha difícil. De acordo com pesquisas, a metade dos britânicos deseja continuar na União e a outra metade abandoná-la.
Em todo o caso, o chefe de Governo defenderá vigorosamente o “sim” e explicou que, no âmbito do acordo, o Reino Unido não terá que financiar os países da zona euro que atravessam problemas; suas empresas não serão discriminadas por não utilizarem o euro; terão novos poderes para deportar criminosos europeus que entrarem no país e poderão limitar a sete anos alguns benefícios sociais aos imigrantes.
A imprensa britânica de direita não parecia muito convencida a respeito do acordo obtido.
Segundo The Times, Cameron “não tem muita escolha a não ser voltar aos velhos argumentos sobre os interesses britânicos de tentar reformar a Europa internamente, em vez de submeter-se aos rigores desconhecidos da independência total”.