Roma Os 47 milhões de eleitores que devem votar hoje e amanhã nas eleições legislativas italianas terão a incumbência de confirmar ou mudar a maioria parlamentar na Câmara dos Deputados e no Senado, provocando, no caso de uma vitória da coligação de centro-esquerda liderada por Romano Prodi, a queda do governo de centro direita de Silvio Berlusconi, no poder nesses cinco últimos anos.
Como as pesquisas de intenção de voto foram suspensas duas semanas antes da votação, qualquer previsão torna-se ainda mais difícil, mas Silvio Berlusconi admitiu, pela primeira vez na véspera do encerramento da campanha, a hipótese de uma eventual derrota.
Essa campanha eleitoral não deverá deixar muitas saudades aos eleitores italianos que não viam a hora de seu encerramento, diante da degeneração política ocorrida na sua fase final com a troca de golpes baixos, insultos, palavrões, acusações, multiplicação de gafes entre os adversários políticos. Esses fatos pouco contribuíram para aumentar a credibilidade da democracia italiana, em num momento delicado da vida econômica e política desse país.
Três cenários estão sendo previstos:
1) Uma vitória de Prodi deverá ter como conseqüência imediata a formação de um governo disposto a aplicar um drástico plano de recuperação financeira para relançar a economia do país, fortemente abalada por um crescimento zero nesses últimos dois anos.
Para manter a unidade de sua coligação, o professor Prodi não deve perder tempo, mostrando sua capacidade de formar, rapidamente, um governo que deverá ter um perfil europeu, como ele mesmo prometeu no comício de encerramento de sua campanha, na sexta-feira passada, quando fez uma profissão de fé européia. Isso não será fácil diante de forças heterogêneas que formam a coligação que lidera, do centro à extrema esquerda.
2) A segunda hipótese consistiria numa vitória pessoal do atual primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, renovando, por mais cinco anos, seu mandato.
Além disso, esse será um resultado desastroso para uma democracia baseada na alternância, como é o caso da vivida por seus vizinhos europeus. Silvio Berlusconi não teria condições de governar em guerra com alguns setores que ele denunciou durante toda a campanha, por exemplo a magistratura, mas também o grande empresariado italiano, os homens da Confindustria.
3) A terceira hipótese prevista corresponde a um retrocesso, um resultado nulo provocado pela reforma eleitoral, uma lei fortemente contestada pela centro esquerda e que poderá conduzir ao chamado "pareggio", não se descartando a possibilidade dos italianos serem novamente convocados às urnas em poucos meses para decidir o impasse, pois está afastada a possibilidade de uma grande coalizão, seguindo o exemplo alemão. O "pareggio" equivale a um resultado provocado por maiorias diversas na Câmara e no Senado.
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