Parlamentares do Canadá designaram, na quarta-feira (21), como "genocídio" as violações da China aos direitos humanos dos uigures e defenderam a aplicação de sanções contra autoridades chinesas. A decisão do subcomitê de Direitos Humanos Internacionais da Câmara dos Comuns do Canadá foi tomada uma semana após um enviado da China ao Canadá se pronunciar contra o reconhecimento pelos parlamentares da detenção em massa e abusos contra a minoria muçulmana na província de Xinjiang como genocídio.
O parlamento canadense é o primeiro no mundo a definir as atrocidades cometidas contra os uigures como genocídio. Mais de um milhão de uigures estão em unidades de detenção, descritas pela China como "centros de treinamento e educação vocacional".
O subcomitê canadense conduziu um estudo em Xinjiang e realizou uma audiência para ouvir relatos de testemunhas da crise no país asiático e concluiu que é preciso tomar ações concretas para combater o genocídio; incluindo sanções contra autoridades do governo da China, apoio à comunidade e refugiados uigures no Canadá e pressão em organismos internacionais para que a crise seja reconhecida como genocídio, segundo noticiou a organização World Uyghur Congress.
Os parlamentares pediram que Ottawa aplique punições às autoridades chinesas responsáveis pela brutal repressão com base na Lei Magnitsky, lei de sanções adotada pelo Canadá, EUA e países europeus que leva o nome do informante russo Sergei Magnitsky, morto em uma prisão de Moscou.
"O subcomitê deseja esclarecer que as condenações nesta declaração são direcionadas ao governo da China, representado pelo Partido Comunista, e não ao povo chinês, a quem o subcomitê apoia incondicionalmente e espera que um dia possa ser beneficiado pela paz, liberdade e segurança desfrutadas por muitos outros no mundo", disseram os parlamentares em comunicado.
O ministro das Relações Exteriores do Canadá, François-Philippe Champagne, agradeceu o trabalho do subcomitê mas não confirmou se o governo canadense irá impor sanções contra oficiais chineses, noticiou o Globe and Mail.
- Uigur retirado à força de casa mostra como é um campo de detenção chinês
- Médica em Xinjiang: hospitais matam recém-nascidos e forçam aborto para erradicar uigures
- Aborto e esterilização: como a China está matando uma etnia
- “Gritos insuportáveis”: minoria uigur acusa China de crimes contra a humanidade