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Swing

Canadenses comemoram legalização da troca de casais

Em uma saída noturna recente, o casal Michel e Chantal Delbecchi foram até o L'Orage Club, em Montreal, e mantiveram relações sexuais com um casal que nunca tinham visto antes. Os Delbecchi, casados desde 1978, são "echangistes", o termo em francês para "swingers", e há 21 anos freqüentam lugares como o L'Orage.

De agora em diante, eles não precisarão mais temer que haja uma revista policial na casa noturna e que eles acabem presos por estar num "local libidinoso".

Em decisão histórica tomada no dia 21 de dezembro, a Suprema Corte do Canadá suspendeu a proibição da existência de clubes de trocas de casal, determinando que o sexo grupal consentido entre adultos não configura nem prostituição nem uma ameaça à sociedade.

A decisão causou indignação, principalmente nas áreas anglófonas do Canadá. Na província francófona de Quebec, predominantemente católica, o veredicto não causou muito alvoroço.

Enquanto editorialistas de jornal fumegavam em Toronto, os de Montreal não se importaram.

Os adeptos do swing comemoraram a decisão, principalmente os de Quebec, onde os clubes servem não apenas para proporcionar o encontro dos casais, mas também para eles fazerem sexo.

- Vai ficar mais fácil para outros interessados em fazer swing dar o primeiro passo e ir a um clube - disse Michel, de 48 anos, sentado ao lado de Chantal, 43, num sofá na penumbra do L'Orage.

Michel, que trabalha nos supermercados Costco, e Chantal, de licença de seu trabalho como motorista de ônibus escolar, disseram que a maioria dos swingers não se sente à vontade em público.

- Temos amigos que tinham medo de vir a um clube porque estavam preocupados com uma batida policial, que poderia afetar sua situação na família ou no trabalho - disse Chantal.

Para o proprietário do L'Orage, Jean-Paul Labaye, o veredicto foi o fim de uma luta judicial de sete anos, que começou numa batida policial em 1998, quando ele e 40 clientes foram presos.

- Todos ficaram chocados de ver que estávamos sendo tratados como bandidos - disse Labaye. - Prometi me defender e defender a causa deles se eles assim o quisessem, e foi o que fiz - acrescentou.

O clube fica numa casa elegante mas antiga, em rua movimentada de Montreal. No térreo há conjuntos de sofás e poltronas, pouca iluminação e fotos com cenas insinuantes nas paredes.

O clube não tem permissão para vender bebidas alcoólicas, mas em seu pequeno bar oferece cafée bebidas energéticas.

Há pelo menos mais cerca de 20 clubes como o L'Orage em Quebec, inclusive um em Gatineau, nas redondezas do imponente prédio da Suprema Corte, do outro lado do rio Ottawa.

Tanto Labaye como os Delbecchi, que têm três filhos adultos, estão se preparando para mudanças importantes em suas vidas pessoais. Labaye pretende se casar com a namorada em maio. Michel e Chantal planejam morar junto com uma mulher de 25 anos que se tornou amante dos dois. Mesmo assim, continuarão trocando de parceiros em clubes de swing.

- No clube, fazemos sexo. Em casa, fazemos amor - disse Michel.

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