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Paz no oriente

Cancelamento de cúpula EUA-Coreia do Norte ameaça futuro acordo

Uma moeda comemorativa ao encontro entre o presidente americano, Donald Trump, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, chegou a ser cunhada | Yuri Gripas/Bloomberg
Uma moeda comemorativa ao encontro entre o presidente americano, Donald Trump, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, chegou a ser cunhada (Foto: Yuri Gripas/Bloomberg)

O súbito cancelamento da reunião de cúpula entre o presidente americano Donald Trump e o ditador norte-coreano Kim Jong-um levanta uma questão óbvia: como ficarão as relações entre os dois países. Os dois dirigentes iriam discutir a desnuclearização da Peninsula Coreana, entre outros temas.

Apenas horas antes, a Coreia do Norte levou jornalistas estrangeiros a um evento no qual demoliu seu único conhecido local de testes nuclear, Punggye-ri, no que pretendia ser um gesto de boa vontade antes do encontro. 

O fato de que os dois eventos aconteceram no mesmo dia pode ser uma má coincidência. Na sua carta a Kim, anunciando o cancelamento da cúpula, Trump não se refere à demolição do local de testes. Ao contrário, ele escreveu sobre a “hostilidade aberta” da Coreia do Norte em um recente comunicado, que atacou o vice-presidente Mike Pence e o chamou de ser um “projeto de político”. 

Desencontros

Nas últimas semanas, houve vários sinais dos dois lados mostrando que eles não estavam se entendendo em relação à reunião. A Coreia do Norte cancelou, na semana passada, um encontro com representantes sul-coreanos. E, repetidamente, vinha manifestando seu descontentamento sobre como os Estados Unidos estavam conduzindo as conversações. 

“A Coreia do Norte certamente tem culpa”, disse Lee Seong-hyon, um pesquisador do Sejong Institute em Seul. “Mas os Estados Unidos não vinham entregando o que a Coreia do Norte esperava em retorno.” Lee diz que a decisão tomada por Trump, nesta quinta, pareceu impulsiva. 

Kim pode ter pensado que foi enganado por Trump, escreveu Hu Xijin, editor do jornal estatal chinês Global Times, no Twitter. “Muitas pessoas pensam assim.” 

A Coreia do Norte esperava que o fechamento do local de testes nucleares fosse um grande evento de mídia. Ela convidou jornalistas estrangeiros para acompanhar a demolição. 

Analistas já tinham apontado que o fechamento seria simbólico. A Coreia do Norte teria a capacidade de reabrir este ou outros campos de testes no futuro. Há, também, dúvidas sobre os danos causados no campo de Punggye-ri no último teste, realizado em 3 de setembro do ano passado. Ele teria sido mais poderoso do que os anteriores. 

Gestos simbólicos

A destruição do local de testes não foi o único gesto simbólico em direção aos Estados Unidos feito por Kim Jong-un. Em 9 de maio, a Coreia do Norte libertou três americanos que estavam presos por diversas supostas infrações. Apesar de Trump não ter estabelecido a libertação como pré-requisito para as conversas, ele expressou gratidão pela ação do governo de Kim. 

Os Estados Unidos negam explicitamente que tenham feito alguma concessão à Coreia do Norte. “Não fizemos e não temos intenção de fazer”, disse o secretário de Estado, Mike Pompeo. 

Muitos analistas discordam deste ponto de vista, argumentando que a visita de Pompeo à Pyongyang e a própria cúpula teriam sido concessões a um país isolado, que sempre ansiou pela legitimidade internacional. 

Essas concessões podem ter sido muito sutis para a Coreia do Norte. E embora a administração Trump queira voltar à estratégia de “máxima pressão”, que prevê o isolamento da Coreia do Norte, pode descobrir que parceiros relevantes como a Coreia do Sul e a China estão menos inclinados a apoiá-lo.

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