Dick Schoof, candidato a dirigir o futuro governo da Holanda, prometeu nesta terça-feira (28) ser “o primeiro-ministro de todos os holandeses” e, quando questionado sobre seu apoio ao programa da direita nacionalista, disse que foi nomeado pelos líderes de quatro partidos com maioria parlamentar e governará à sua própria maneira.
Em sua primeira coletiva de imprensa como candidato à liderança do futuro gabinete holandês, Schoof, um funcionário com experiência em questões de segurança, justiça e asilo, teve de responder a várias perguntas sobre a possível influência do direitista nacionalista Geert Wilders nas decisões do seu governo. “Só haverá um primeiro-ministro, e esse serei eu”, garantiu.
“O passo que estou dando agora é inesperado, mas não ilógico. A pergunta que devo responder é: posso fazer as coisas direito? A resposta é sim”, destacou Schoof no início de suas declarações.
Por outro lado, admitiu que é “uma surpresa” para ele ser o candidato proposto por Wilders, pelo liberal Dilan Yesilgöz (VVD), pelo democrata-cristão Pieter Omtzigt (NSC) e por Caroline van der Plas, do partido dos agricultores BBB.
Neste sentido, garantiu que “quer ser primeiro-ministro de todos os holandeses” e lembrou que foi “proposto por quatro partidos com grande maioria no Parlamento”, razão pela qual frisou que não acredita “estar sob o controle de Geert Wilders", a quem disse conhecer “um pouco”.
Schoof recusou-se a comentar o programa que promete medidas duras contra a imigração ilegal e eurocético do partido de Wilders, o PVV, e explicou que “o funcionamento do Estado de direito tem sido um fio condutor na sua carreira, e isso irá ajudá-lo a governar”.
O indicado falou do primeiro-ministro liberal Mark Rutte como “uma fonte de inspiração”, mas ressaltou: “É diferente alguém ser uma fonte de inspiração e dizer que farei da mesma forma. Sem dúvida farei as coisas do meu jeito”, antecipou.
Nesse contexto, confirmou também que em 2021 deixou o partido social-democrata PvdA porque já não se sentia “ligado” ao grupo.
Além disso, considerou “ambicioso” o pacto governamental alcançado por Wilders com a centro-direita, que propõe reduzir as concessões de asilo sob o abrigo de uma “cláusula de exclusão” das políticas europeias, limitar as ambições climáticas, aliviar o setor agrícola das regulamentações ambientais e reforçar o apoio ao governo de Benjamin Netanyahu em Israel.
Começa agora uma nova fase de procura de ministros e secretários de Estado, que inclui entrevistas e investigações sobre os candidatos, razão pela qual o formador do governo, Richard van Zwol, propôs o dia 26 de junho como data limite para encerrar esta fase.
Não está claro quais ministérios cada partido receberá, nem quantas pastas serão ocupadas por políticos ou especialistas sem filiação a nenhum partido.
Assim que houver uma equipe de ministros, o gabinete terá de definir o plano de governo durante os meses do verão europeu, com base no pacto alcançado pelos quatro partidos, que estabelece as linhas gerais que deverão orientar o futuro Executivo, mas não as medidas específicas.
A expectativa é que a Holanda tenha um novo gabinete e um programa governamental após as férias do verão europeu, que termina em setembro.
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