O candidato favorito às eleições presidenciais da Bolívia, no domingo, o líder cocaleiro Evo Morales, denunciou nesta terça-feira a possibilidade de fraude na votação. Ele ameaçou convocar protestos se não obtiver garantias de uma eleição limpa.
O líder esquerdista disse que baseou sua denúncia no surgimento de nomes duplicados e até triplicados nas listas eleitorais.
Morales também assegurou que a inscrição da candidatura de seu principal rival, o ex-presidente conservador Jorge Quiroga, porque inclui o apelido "Tuto" como nome oficial da campanha.
Nas eleições de domingo, estão em jogo o futuro do principal país produtor de gás natural do Cone Sul, de cuja produção dependem em grande medida a Argentina e o Brasil.
- Já há uma desconfiança da nossa parte - disse Morales
O líder cocalero agregou que, se a Justiça eleitoral não resolver essas supostas irregularidades, ele vai estudar a convocação de protestos. A Corte Nacional Eleitoral, órgão independente, não comentou de imediato as denúncias de Morales. Assessores de Quiroga asseguram que o nome do candidato está inscrito corretamente.
Morales tem forte influência sobre os setores mais combativos da população boliviana - em sua maioria, camponeses pobres do lado oeste do país, cujos protestos derrubaram dois presidentes em quatro anos.
As Forças Armadas da Bolívia fizeram nesta terça-feira uma convocação para que se respeite a maioria na eleição. O almirante Marco Antonio Justiniano, chefe das Forças Armadas, pediu que os candidatos derrotados "sejam capazes de antepor os interesses nacionais aos de seus grupos".
Para Justiniano, "é de se esperar que seja respeitada a opinião da maioria, ainda que seja relativa, para a formação do futuro governo".
Segundo a Constituição boliviana, o vencedor do pleito, celebrado em turno único, precisa de maioria absoluta para chegar ao poder. Caso contrário, o nome do novo presidente dependerá de acordos no novo Congresso, que, se não alcança consenso em três votações, deixará o poder nas mãos do candidato com maior apoio nas urnas.
De acordo com as últimas pesquisas, Morales lidera com 36% das intenções de voto, seis pontos percentuais à frente do conservador Quiroga. O empresário Samuel Doria Medina está em terceiro lugar, com 12%.
Medina deu a entender em um debate eleitoral no último domingo que só respeitará um vencedor que consiga vantagem de pelo menos 5 pontos percentuais sobre o segundo colocado nas urnas.