Efraín Alegre, candidato que perdeu as eleições presidenciais de domingo no Paraguai, afirmou nesta terça-feira (24) ter evidências de votação fraudulenta e pediu uma recontagem dos votos.
Ele, porém, não apresentou as provas citadas.
Segundo Alegre, que concorreu pela Aliança Ganhar (centro), o Tribunal Superior da Justiça Eleitoral (TSJE) pronunciou muito rapidamente a vitória de Mario Abdo, do conservador Partido Colorado.
"Já temos exemplos claros de fraude que vamos denunciar caso a caso", disse. "Vamos participar da recontagem."
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Com 97,67% dos votos apurados no domingo, o tribunal disse que Abdo obteve 46,44% e Alegre, 42,74%. A previsão é que Abdo tome posse em agosto para um mandato de cinco anos.
Os resultados foram divulgados com base no sistema de contagem rápida -Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares, conhecido pela sigla TREP.
Resultado preliminar
"No domingo dissemos que o TREP é um resultado preliminar. As atas é que têm realmente a validez para ser parte fundamental do processo eleitoral", afirmou Alegre.
O candidato liberal aceitou na noite do domingo os resultados da contagem rápida, mas não reconheceu a derrota devido à margem apertada entre os dois candidatos.
Afirmou que esperaria o julgamento oficial das atas pelos juízes, que começou nesta terça-feira (24). As atas dão o resultado de contagem manual em cada mesa eleitoral.
Observadores internacionais que monitoraram a eleição de domingo (22) não apontaram graves problemas.
Luis Salas, diretor de Recursos Eleitorais do tribunal, negou haver fraude na contagem dos votos e disse que o exame das atas continuará normalmente segundo o calendário eleitoral. Não ficou claro se esta é a posição prevalente.
"Não existe fraude, e que eles demonstrem [se houver]. Estou seguro de que não existe, houve um controle eficiente. Não queremos que a democracia seja manchada pelas suspeitas", disse.
Apoiadores de Alegre e de setores da oposição começaram a se posicionar diante de TSEJ, em Assunção. A polícia enviou reforços para o local.
Fernando Lugo, presidente do Congresso paraguaio e cuja Frente Guasú fez parte da Aliança Ganhar de Alegre, pediu que o TSJE suspenda imediatamente o exame das atas.
"Pedimos que o controle seja feito de forma lenta, se não têm nada a esconder. Pedimos que se suspenda o julgamento das atas. Pedimos que os resultados sejam como o povo elegeu. Prometeram que a contagem seria interrompida", disse Lugo, que foi presidente entre 2008 e 2012.
Segungo Lugo, o presidente do TSJE, Jaime Bestard, afirmou que conversaria com outros ministros do tribunal para decidir sobre o pedido.
A rádios locais, porém, Bestard afirmou que o julgamento das atas continua normalmente e que o tribunal "trabalha de maneira transparente".