Candidato derrotado na eleição presidencial de outubro, o líder da oposição no Quênia Raila Odinga participou nesta terça-feira (30) de uma cerimônia simbólica de posse na capital Nairóbi para um público de cerca de 10 mil pessoas, mas que não tem validade legal.
O ato aumenta os temores de um retorno dos violentos protestos que aconteceram após o pleito do ano passado, nos quais 92 pessoas morreram.
Odinga foi derrotado em agosto pelo atual presidente, Uhuru Kenyatta, mas a votação foi anulada na Justiça e uma nova disputa foi convocada para outubro.
Mas o opositor decidiu boicotar a nova eleição, afirmando que ela estava fraudada a favor de Kenyatta, que assim venceu com 98% dos votos.
A indefinição levou ao início dos protestos que se espalharam pelo país e terminaram em violência, mas que arrefeceram desde a posse de Kenyatta em novembro.
Odinga e seus aliados, porém, não aceitaram o resultado. Na última sexta (26), ele disse que uma contagem extraoficial lhe deu a vitória e marcou a posse para esta segunda -não foram dados detalhes de como a contagem foi feita.
O governo de Kenyatta respondeu afirmando que a ação só aumenta a violência no país. Os canais de TV e de rádio foram proibidos de transmitir a cerimônia.
Apesar disso, cerca de 10 mil se reuniram no parque Uhuru, em Nairóbi, para acompanhar a posse de Odinga. O ato aconteceu pacificamente sem a presença da polícia, mas antes da cerimônia houve confronto nas proximidades entre os manifestantes e as forças de segurança -não há informações sobre mortos ou feridos.
"Eu, Raila Omolo Odinga juro proteger a nação como o presidente do povo, que Deus me ajude", afirmou ele com a mão na bíblia. O procurador-geral do país afirmou que o opositor poderá ser processado por traição pelo ato.
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