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O candidato ucraniano Viktor Yanukovich pressionou nesta segunda-feira sua adversária Yulia Tymoshenko a admitir a derrota na eleição presidencial da véspera, um resultado que pode levar o país de volta à órbita da Rússia.

Com pouco mais de 97 por cento dos votos apurados, Yanukovich lidera com 2,41 pontos percentuais à frente da primeira-ministra Tymoshenko. Ainda faltam ser apurados votos do sul e leste da Rússia, redutos do dirigente oposicionista, e por isso a expectativa é que a diferença aumente, disse à Reuters Mykhailo Okhendovskiy, membro da comissão que organiza o pleito.

Mas Tymoshenko já havia alertado Yanukovich a não celebrar a vitória antes da hora, e analistas dizem que o resultado apertado pode estimular a primeira-ministra a contestar a apuração.

"A situação está se desenvolvendo em favor de ir aos tribunais e algum tipo de acordo", disse Viktor Nebozhenko, da entidade Ukrainian Barometre. "Não está realmente claro quem venceu. As forças são mais ou menos iguais."

"Se forem 3 pontos percentuais ou menos é contestável. A tentação estará aí para que ela conteste", disse Andrew Wilson, pesquisador-sênior do Conselho Europeu de Relações Exteriores.

Mas Tymoshenko, habitualmente exaltada, permaneceu excepcionalmente calada, adiando em várias horas uma entrevista coletiva, enquanto seu adversário a pressionava a admitir a derrota.

"Yulia Tymoshenko tem dito repetidamente que até mesmo uma vantagem de dez votos já é uma vitória. Esperamos que uma vantagem de quase 1 milhão de votos seja um argumento suficientemente convincente para que ela reconheça a nossa vitória", disse Anna German, assessora de Yanukovich.

A campanha dele afirmou que uma apuração paralela, já completada, deu a Yanukovich 48,96 por cento dos votos, contra 45,41 para a adversária.

Já na apuração paralela da campanha de Tymoshenko a diferença estaria caindo. Assessores dela disseram que houve fraude no processo. Os resultados oficiais simbolizam uma grande recuperação política para Yanukovich, de 59 anos, cuja vitória na eleição presidencial de 2004 acabou sendo anulada depois de enormes manifestações populares que ficaram conhecidas por "Revolução Laranja", contestando a ligação dele com Moscou.

Mas a euforia daquele movimento popular deu lugar a uma fase de frustração, divergências políticas e crise econômica, e agora a Ucrânia, uma ex-república soviética com 46 milhões de habitantes, pode voltar à órbita russa.

Ambos os candidatos prometeram integração com a Europa junto com uma melhoria nas relações com Moscou, mas Tymoshenko é considerada mais pró-ocidental. Já Yanukovich não deve pleitear a adesão à Otan, que era uma meta "laranja" que enfureceu a Rússia.

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