O magnata Sebastián Piñera admitiu que uma parte do setor que apoia sua candidatura presidencial "cometeu erros" no setor dos direitos humanos, durante a ditadura. Seu adversário, Eduardo Frei, da situação, afirmou que trabalhará para eliminar a Lei de Anistia, aplicada em alguns processos contra militares.
As violações aos direitos humanos foram um dos primeiros temas abordados na segunda-feira, no último debate presidencial, às vésperas das eleições presidenciais de domingo. Os dois candidatos em vários momentos ultrapassaram o tempo previsto em suas respostas, especialmente Frei, e em muitos momentos falavam quase em coro, dificultando a compreensão das discussões.
Piñera, da Coalizão pela Mudança, obteve 44% no primeiro turno de 13 de dezembro. Frei, da coalizão governista Concertação, ficou com 29,6%. Uma pesquisa divulgada pelo jornal El Mercurio afirma que o oposicionista está 5 pontos porcentuais à frente do senador. Frei obteve o apoio do derrotado candidato de esquerda Jorge Arrate, que conseguiu 6,2% dos votos no primeiro turno. Já o dissidente socialista Marco Enríquez-Ominami, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno com 20% dos votos, rechaça tanto o candidato de direita quanto a candidatura de Frei.
"Os candidatos puderam apresentar suas propostas ao país e acredito que os cidadãos que assistiram ao debate puderam comprovar que os dois candidatos têm opções bem distintas", disse a presidente do Chile, Michelle Bachelet, nesta terça-feira.
Piñera é apoiado pela ultradireitista União Democrata Independente (UDI) e pela direitista Renovação Nacional - que foram o apoio civil à ditadura do general Augusto Pinochet. Segundo o empresário, o fato de alguém apoiar no passado a ditadura "não é um pecado e não inabilita" uma futura participação em um possível gabinete dele. Piñera acrescentou, porém, que "creio que não vá haver uma participação de ex-ministros do governo militar", além de reconhecer que "parte de meu setor cometeu erros", como violações aos direitos humanos
Números oficiais indicam que o regime de Pinochet deixou 3.065 mortos, incluindo 1.197 presos desaparecidos. Também morreram 132 militares, em enfrentamentos ou atentados.
Frei criticou a lei de anistia deixada pelo ditador e assegurou que, caso chegue ao poder, trabalhará para "acabar com ela". Sobre a política internacional, o governista não quis responder se um eventual governo comandado por ele entregará uma saída soberana ao mar para a Bolívia, demanda antiga desse país, que perdeu seu acesso ao oceano durante uma guerra com o Chile no século XIX. "É um tema para se discutir mais adiante", disse apenas.
Piñera disse que trabalhará para ter "excelentes relações com a Bolívia". Segundo ele, haverá facilidades para o uso de "nosso portos, mas não cederemos parte de nosso território, nem mar; será sem soberania".
O opositor criticou Cuba por ser uma "ditadura", onde se "atropelam os direitos humanos de forma grosseira e permanente". Além disso, disse que a Venezuela "não é uma democracia como tal". Já Frei se recusou a qualificar o regime de Caracas, comandado por Hugo Chávez, como um ditadura, mas disse que Cuba "não é democrática".
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