Mal foi concluída a contagem dos votos no Chile, os dois candidatos que irão disputar o segundo turno das eleições, em 17 de janeiro, retomaram hoje (14) a campanha. Com 14% de diferença a seu favor, o candidato de oposição Sebastián Piñeira (Alianza) de centro-direita, reitera o discurso pela mudança, enquanto o governista e ex-presidente Eduardo Frei-Ruiz (Concertación), de centro-esquerda, marcou para amanhã (15) uma grande reunião com sua equipe.
Frei-Ruiz atua para reduzir as restrições a ele dentro da própria esquerda. Ao ser escolhido candidato, provocou o racha na Concertación e a saída do deputado Marco Henriquez Ominami, que se lançou como candidato independente nas eleições, realizadas ontem (13). Também é apontado por muitos como a imagem do passado, uma vez que ao deixar o governo em 2000 tinha baixa popularidade, algo que os chilenos não querem.
O candidato governista partiu para os ataques ao adversário da oposição. O caudilhismo [autoritarismo] levou o país ao fracasso afirmou Frei-Ruiz. Segundo ele, a eleição de Piñeira seria um retrocesso para o Chile. Vamos demonstrar que a força da esquerda é maior.
O ex-presidente afirmou hoje que fará amanhã ao meio-dia uma grande reunião com correligionários e simpatizantes já visando ao segundo turno das eleições. A ideia é ampliar a campanha e buscar votos nas áreas tradicionalmente dominadas pela esquerda, mas que votaram em Ominami e em Jorge Arrate (da coligação Juntos Podemos Mais).
Sorridente, Piñeira não escondeu a surpresa de obter 44,23% contra os 30,5% de Frei-Ruiz. Para ele, é a demonstração de que os chilenos querem mudanças. Sabendo que deve conquistar os votos da classe média, que resiste direita, o candidato da oposição intensificou o discurso diretamente para esse segmento.
Temos de trabalhar para reduzir a delinquência e o narcotráfico no nosso país. Vou governar para todo o Chile e vou dar atenção especial aos mais humildes e classe média, afirmou Piñeira, que é apontado como o candidato dos ricos, uma vez que é um dos empresários mais bem-sucedidos do país.
As eleições, realizadas ontem no Chile, foram analisadas como uma das disputadas dos últimos anos no país. É a primeira vez, em 20 anos, que a direita sai na frente da esquerda numa corrida presidencial desde a redemocratização chilena. O resultado do primeiro turno das eleições preocupa os defensores do socialismo que têm na memória os 17 anos de ditadura sob comando do general Augusto Pinochet (1973-1990).