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Candidatos se calam em debate eleitoral no Irã

Se você fosse escolher um funcionário para o seu governo, qual a qualidade mais importante a ser exigida? Os oito sabatinados com a pergunta deviam, então, escolher a resposta entre apenas quatro opções: mãos limpas de corrupção, experiência, prudência ou especialização. Em outro desafio, fotografias de um campo agrícola, um supermercado e um navio de carga eram apresentadas. E os oito tinham que dizer rapidamente o que lhes vinha à cabeça, como num jogo lúdico.

Mas essas situações, ocorridas na TV nesta sexta-feira, diante de milhares de telespectadores, eram parte do primeiro debate entre os candidatos à Presidência do Irã. E em vez de discutir a economia, os oito candidatos protagonizaram um bate-boca de quatro horas sobre o formato - e o conteúdo - da sabatina eleitoral.

Foi o primeiro de uma série de três embates televisivos. Três dos candidatos considerados em vantagem na disputa permaneceram quietos a maior parte do tempo: o negociador nuclear Saeed Jalili, o ex-chanceler Ali Akbar Velayati e o prefeito de Teerã, Mohammad Baqer Qalibaf.

Na primeira metade do debate, cada um tinha direito a dar respostas de três minutos com réplicas de 90 segundos dos outros sete. Quando o moderador lançou perguntas sobre economia, que podiam ser respondidas apenas com "sim", "não" ou abstenção, foi a deixa para uma rebelião do reformista Mohammad Reza Aref, do moderado Hassan Rohani, e mesmo do conservador Mohsen Rezaie.

Sem poder falar sobre o controverso programa nuclear, o desemprego e a inflação em torno dos 30%, passaram, então, a atacar o modelo do debate. E recusaram-se a responder perguntas.

Em respeito ao querido povo do meu país, vou sentar aqui, mas não responder a nenhuma dessas perguntas de teste - protestou Aref.

Rezaie emendou:

Sou uma pessoa paciente e posso tolerar muita coisa. Mas essas perguntas repetitivas, curtas, sem continuidade estão prejudicando o povo e insultando os oito que aqui sentam.

Rohani não ficou para trás.

As pessoas vão se sentir ofendidas com este tipo de debate - disparou o candidato.

O eleitorado, já alienado pela falta de oposição verdadeira, se surpreendeu com a rebelião. Mas notou que os aiatolás não querem correr riscos. Há quatro anos, o presidente Mahmoud Ahmadinejad chegou a ser xingado pelo opositor Mir Hossein Moussavi na campanha. E o resultado contestado levou centenas de milhares às ruas em protestos que acabaram em violência.

Comparado com quatro anos atrás, quando cada um podia falar com detalhes, foi muito, muito ruim. Não sei nada a mais sobre eles do que antes dessa aparição - lamentou Neda, de 27 anos, em Teerã.

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