Coube ao mais esperado filme da seleção oficial, A Árvore da Vida, o grande prêmio do 64.º Festival de Cannes. O quinto longa-metragem do diretor americano Terrence Malick, interpretado e produzido por Brad Pitt, saiu da Croisette com a Palma de Ouro. Há 32 anos, Malick ganhara, aqui, o prêmio de melhor diretor por Cinzas no Paraíso. Depois disso, ficou 19 anos sem filmar. Desde então, nunca mais participou de entrevistas ou eventos.
"Quase todos nós achamos que esse era o grande filme, disse Robert de Niro, presidente do júri. "A decisão foi difícil, porque havia outros muito bons. Mas Malick fez um trabalho incrível.
O memorável trabalho do cineasta, um poema visual sobre a perda e a fé, protagonizara, durante a projeção para a imprensa, uma guerra entre vaias e aplausos. Era, porém, o grande favorito na bolsa de apostas dos críticos da revista Le Film Français, que circulava diariamente no festival. Enquanto aumentavam as expectativas em torno da premiação do filme, cresciam os rumores de que Malick, apesar de não ter participado de nenhuma cerimônia oficial, estava em Cannes. E se escapou dos paparazzi é porque, depois de tantos anos sem uma só foto publicada, é quase impossível reconhecê-lo entre os milhares de senhores de cabelos brancos que circulam por aqui.
Trier recompensado
Também previsíveis foram os prêmios de melhor atriz e ator, entregues a Kirsten Dunst e Jean Dujardin. Kirsten (de Maria Antonieta) teve, indiscutivelmente, no filme de Lars von Trier, seu grande papel no cinema.
Ao subir ao palco, fez questão de agradecer o diretor, que a colocou em Melancolia. Antes, porém, respirou fundo e brincou: "Que semana esta!.
Quando Trier, na coletiva de imprensa sobre seu filme, declarou-se "nazista, a atriz deixou claro seu constrangimento.
Espertamente, ela foi a única dentre os premiados a não comparecer à conferência de imprensa que se seguiu à cerimônia de premiação.
Esta edição coroou também o destino de invictos dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne. Todos os filmes da dupla que vieram a Cannes foram laureados dois deles com a Palma de Ouro. Desta vez, receberam o Grande Prêmio do Júri, por O Garoto de Bicicleta.
O mesmo prêmio foi entregue ao turco Nuri Bilge Ceylan (de Três Macacos), de Era uma Vez em Anatólia, definido, por ele mesmo, como "longo, difícil".