Brasileiro estava a 500 metros do final da prova
Sócio da equipe de corrida carioca Runners Club, o treinador João Montenegro, 33, acompanhava um de seus alunos no trecho final da maratona de Boston quando houve a explosão. A dupla se aproximava da Boylston Street, a rua da linha de chegada, quando percebeu que os corredores a sua frente começaram a parar.
"No início, eu não entendi o que estava acontecendo. Depois, percebemos que a rua havia sido bloqueada por policiais", disse Montenegro, por telefone.O relógio com GPS do aluno de Montenegro indicava que, até aquele trecho, 41,7 quilômetros de prova já estavam cumpridos. Restavam, portanto, menos de 500 metros."Por dois ou três minutos eu poderia estar no local exato da explosão", avaliou Montenegro. "Meu anjo da guarda estava atento".
Montenegro participou da maratona de Boston com um grupo de 15 amigos do Rio e de Brasília. Nenhum deles ficou ferido. O treinador não ouviu as duas explosões por causa do barulho do público. Ele chegou a ver algumas tendas de socorro sendo montadas no quarteirão paralelo à Boylston Street.
E, já a caminho do hotel, ouviu uma outra explosão."Dessa vez, ouvi bem o estrondo. Um barulho muito alto, mas um som abafado", disse Montenegro. (Folhapress)
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Chegando perto do final do percurso de 42 quilômetros da Maratona de Boston, a economista Fabiana Tito, de 32 anos, começou a sentir uma dor no abdômen, de cansaço. Ela resolveu desacelerar, ao lado de sua amiga, a também economista brasileira Tatiana Farina.
Veja vídeo do momento das explosões e fotos dos ataques em Boston
O cansaço salvou a vida delas. As duas estavam a um quilômetro da linha de chegada quando ouviram a explosão das bombas nas proximidades da linha de chegada da prova.
A mãe de Fabiana, Elza, acompanhava a corrida da filha pelo página oficial da corrida na internet (cada corredor tem um chip), e ficou desesperada.
Pela internet, a filha estaria passando na linha de chegada justo na hora da explosão. "Ainda bem que resolvemos dar uma andada. Se eu tivesse mantido o ritmo, estaria na linha de chegada na hora da explosão", contou Fabiana, por telefone.
Segundo sua amiga Tatiana, logo depois da explosão, todo mundo começou a se embolar e a polícia veio interromper a corrida. "Tinha muita gente chorando, ninguém sabia direito o que estava acontecendo".
Pouco após as explosões perto da linha de chegada, uma terceira atingiu a biblioteca pública John F. Kennedy, também na região. Um quarto artefato teria sido encontrado em outro ponto da mesma rua e detonado pelo esquadrão antibombas da cidade.
No quarto do hotel
O gerente de vendas Marcos Bigongiari disse que acabou a prova de Boston 40 minutos antes da explosão.
"Terminei a prova com cerca de 3h20. Fui para o hotel, que fica a 500 metros da linha de chegada. Cerca de 40 minutos depois, ouvimos barulho: ambulâncias, sirenes", disse. "Até que é normal após a maratona ter ambulâncias por causa de pessoas que passam mal. Mas começamos a ver na TV o que tinha acontecido e, da janela, deu para ver uma movimentação", completou.
Bigongiari comentou que não percebeu nenhum clima hostil antes ou mesmo durante a prova. Nem nesta edição nem a de 2012, a primeira que participou.
"A maratona de Boston é uma grande confraternização. Não é qualquer pessoa que entra em Boston. Você tem que ter um tempo bom para poder se inscrever. Então a cidade para. Não dá para entender um atentado assim, num evento totalmente esportivo, não é um evento político", afirmou. "Conversei com as pessoas da minha equipe (MPR) e estão todos bem. São 21 brasileiros da minha equipe que vieram correr".