Um cão e um bebê de 14 meses têm mais em comum do que as aparências sugerem, de acordo com um grupo de pesquisadores da Universidade de Viena. A equipe austríaca mostrou que o melhor amigo do homem é capaz de imitar ações de maneira "inteligente", tal como as crianças pequenas - levando em conta não só os detalhes do ato, mas também sua essência.
Parece coisa do filósofo grego Platão (século 4 a.C.), aquele que vivia no mundo das idéias, mas trata-se, na verdade, de um experimento muito simples. Os pesquisadores já sabiam que os bebês são capazes dessa forma "reflexiva" de imitação. Num estudo anterior, os bebês viam, primeiro, uma pessoa apagando a luz com a cabeça com as mãos livres. Depois, outros bebês viam outra pessoa apagar a luz com a cabeça, só que com as mãos ocupadas.
A conclusão que os pequenos tiravam, no primeiro caso, é que a maneira certa de apagar a luz era mesmo com o nariz, já que a pessoa não tinha nenhuma razão aparente para não usar outra parte do corpo. No segundo caso, eles eram capazes de perceber que a pessoa estava com as mãos ocupadas e por isso tinha usado a cabeça. Assim, o primeiro grupo de bebês apagava a luz com a cabeça, enquanto o outro usava as mãos.
Friederike Range, da Universidade de Viena, bolou um teste parecido para os cachorros. A cadela Guinness, que pertence à pesquisadora, foi treinada para puxar uma alavanca, a qual liberava comida para o bicho. Outros cães tiveram a chance de observar Guinness fazer seu truque, em dois cenários diferentes. Num deles, ela usava as patinhas e ficava com uma bola na boca. No outro, estava com a boca livre e a usava novamente as patinhas para mover a alavanca.
A grande maioria dos cães conseguiu fazer a imitação "inteligente": os que assistiram Guinness realizar o truque com a boca cheia preferiam usar a sua própria boca para a tarefa, em vez da pata, mais difícil de controlar. Pelo menos nesse aspecto, parece que a mente de cães e bebês funciona de forma parecida.
