A Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações da Venezuela) abriu processo contra uma emissora de TV e duas de rádio que não veicularam ou postergaram a transmissão de quinta-feira (3) da cadeia nacional obrigatória sobre a saúde do presidente Hugo Chávez.
O diretor do órgão, Pedro Maldonado, utilizou o procedimento padrão para casos de não acatamento da ordem de cadeia nacional, que pode gerar multa, para advertir que os meios devem cumprir "estritamente" as regras "neste momento e neste tema particular".
Caso não o façam, Maldonado disse que o órgão está disposto a punir veículos "para salvaguardar os direitos à paz, à tranquilidade e o sossego do povo".
As cadeias obrigatórias de rádio e TV a respeito do estado de saúde de Chávez, em tratamento em Cuba contra um câncer, são uma mudança na estratégia de comunicação sobre o tema, que acusa a mídia "transnacional" de fazer "guerra psicológica" em torno do assunto.
Os chavistas seguem não detalhando o diagnóstico do presidente - que tipo de câncer e que órgãos ele atingiu - e o prognóstico.
No entanto, desde sua mais recente operação em Havana, em 11 de dezembro, governistas têm divulgado informações quase diárias sobre o presidente. A mais nova é a de que ele enfrenta quadro de insuficiência respiratória provocada por uma "severa" infecção pulmonar.
A nova linha foi determinada pelo próprio Chávez, que, antes de partir para Havana, disse que a cirurgia trazia riscos inegáveis e apontou pela primeira vez um sucessor em caso de novas eleições, o vice, Nicolás Maduro.
Para Andrés Cañizález, pesquisador da área de comunicação na Universidade Católica Andrés Bello, a gravidade da situação forçou uma abertura de comunicação, ainda que não total.
De um lado, era preciso preparar o país para um desenlace fatal para Chávez. De outro, o pesquisador vê a influência do novo comando no governo e na área de comunicação. Maduro foi nomeado vice em outubro, quando também chegou ao posto o atual ministro das Comunicações, o jornalista Ernesto Villegas.
Posse
A menos de uma semana da posse para o novo mandato de Chávez, na quinta-feira (10), o governo ainda não esclareceu que caminho legal tomará caso isso não ocorra. Amanhã a Assembleia renova sua junta diretiva no evento político mais importante desde a recaída do presidente. Se Chávez não assumir, o presidente da Casa assumirá para convocar eleição em 30 dias.
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