Caracas Terminou em violência uma passeata realizada por estudantes venezuelanos para protestar contra a polêmica reforma constitucional proposta pelo presidente Hugo Chávez.
Os manifestantes, entre os quais também havia professores e membros de partidos de oposição, entraram em confronto com a polícia na frente da sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), em Caracas. Eles foram dispersados com jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo.
Os universitários foram ao CNE para pedir que o órgão postergue por pelo menos dois meses o referendo sobre a reforma, previsto para 2 de dezembro. Também solicitam o voto secreto e que a reforma, que inclui 69 aos 350 artigos da Constituição, seja votada por temas, informou o líder estudantil Yon Goicochea. Semana passada, os estudantes universitários realizaram outra manifestação até a sede da Assembléia Nacional.
A multidão de jovens, que ocupava mais de 15 quadras da Avenida Universidad, no centro da cidade, demorou 35 minutos para passar, com as palavras de ordem: "não vamos deixar tirar nosso direito de protestar!".
"Basta de abuso e arbitrariedade", também gritavam, carregando cartazes com as fotos dos juízes do CNE em que se lia "traidores". Nem todos os jovens eram opositores. Alguns vestiam camisetas vermelhas nas quais se lia: "Chávez sim, reforma não".
Reforma
A proposta de reforma constitucional foi apresentada pelo presidente em agosto e tem como objetivo consolidar o "socialismo do século 21" como sistema político e econômico e social da Venezuela.
Ela inclui medidas polêmicas como o fim da autonomia do Banco Central, a extensão do mandato presidencial para 7 anos e a reeleição ilimitada o que permitirá a Chávez se perpetuar no poder. Também estabelece a redução da jornada de trabalho de 8 para 6 horas diárias mudança que, segundo as pesquisas, é popular entre os trabalhadores. De acordo com a oposição, a redução das horas de trabalho seria uma forma de convencer a população a aprovar a reforma.
Originalmente, o projeto incluía alterações em 33 dos 350 artigos da Carta de 1999, mas a Assembléia Nacional venezuelana, que está tramitando a reforma, acrescentou mudanças em outros 36 artigos. Entre elas estão a supressão do direito à informação em caso de que seja declarado estado de exceção e medidas que reduzem a autonomia universitária.
Chávez lançará hoje sua campanha pelo "sim" no referendo em um comício no estádio La Carolina, no estado de Barinas , sua terra natal.