Doze pessoas morreram nos protestos registrados entre a noite de quinta-feira (20) e a madrugada desta sexta-feira (21) em Caracas, na Venezuela. Ao todo, o número de vítimas em três semanas de protestos violentos contra o governo de Nicolás Maduro chegou a 21 pessoas. De acordo com a ONG Foro Penal, 458 pessoas que foram detidas ao longo da semana continuam presas.
Veja imagens do protesto contra o governo de Nicolás Maduro
Em um comunicado, o Ministério Público da Venezuela confirmou as mortes de 11 pessoas e seis feridos “durante os atos de violência ocorridos” em El Valle, ao sudoeste da capital da Venezuela. Algumas das vítimas morreram eletrocutadas durante saques e outras por ferimentos causados por armas de fogo, declarou a Procuradoria.
Caracas viveu uma das madrugadas mais violentas dos últimos tempo, principalmente em bairros populares como El Valle, 23 de Janeiro e Petare (considerada a maior favela da América Latina). Além disso, saques foram registrados contra dezenas de estabelecimentos comerciais.
“Parecia uma guerra. A Guarda e a polícia usava gás, civis armados atiravam contra os edifícios. Minha família e eu nos jogamos no chão. Foi horrível. Conseguimos dormir depois que tudo acabou às três da madrugada”, contou à AFP Carlos Yánez, de 33 anos, morador de El Valle.
Caminhões da unidade antiprotestos dispersaram pequenos protestos com gás, depois que moradores instalaram barricadas de lixo em várias esquinas da região. Um caminhão foi parcialmente incendido, depois que foi atingido por coquetéis molotov.
Segundo confirmaram ONGs como o Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos (Provea), manifestações civis foram reprimidas pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e, em muitos casos, também atuaram os coletivos chavistas (grupos armados que defendem o governo). Desde o começo dos protestos, em abril, quase 1,3 mil pessoas foram presas pelo governo venezuelano. Dos mais de 450 presos durante a última semana, 445 ainda não foram levadas a júri. Segundo a lei do país, o prazo máximo para que isto seja feito é de 48 horas após a detenção.
As imagens e vídeos da noite fatídica de Caracas estão circulando nas redes sociais e dirigentes opositores como Henrique Capriles, governador do estado Miranda, denunciaram a repressão. Os confrontos obrigaram até mesmo a evacuar um hospital infantil em El Valle, onde estavam internadas 54 crianças. De acordo com o governo, o hospital foi atacado por grupos armados financiadas pela oposição, acusação desmentida pelas lideranças opositoras.
Tuítes
No passado, os bairros que foram cenário da violência representavam importantes bases de apoio para o chavismo. Hoje, segundo afirmou a analista política Argelia Rios, os setores populares estão cada vez mais insatisfeitos com o governo Maduro. “Noite agitada nos setores populares de Caracas. Desmoronou-se definitivamente o mito de que os bairros são territórios revolucionários”, escreveu Argelia, em sua conta no Twitter.
A oposição também usou o Twitter para denunciar a repressão. “E a esta hora o ditador @nicolasmaduro onde estará, quando ordenou reprimir de forma selvagem os bairros, dormindo como um bebê?”, perguntou Capriles.
Durante toda a madrugada, circularam diversos rumores no país, até mesmo de levante militar. A oposição reiterou sua decisão de permanecer nas ruas até que o governo atenda duas demandas de convocação de eleições, liberação de presos políticos e respeito ao Parlamento, entre outras.
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