O Vaticano informou nesta quarta-feira (15) que o cardeal britânico Keith O'Brien sairá da Escócia para um período de penitência, que deverá durar alguns meses. Ex-arcebispo de Edimburgo, ele confessou ter cometido abuso sexual contra seminaristas no período em que era bispo.
A denúncia foi revelada pela imprensa britânica e confirmada pelo Vaticano em fevereiro, no período entre o anúncio da renúncia de Bento XVI e o conclave. Devido à acusação, chamada pela Santa Sé de "conduta inadequada", O'Brien renunciou e deixou o Reino Unido sem representação na eleição do papa Francisco.
Em comunicado, o Vaticano informou que a decisão foi tomada em conjunto com o papa Francisco. O'Brien passará "vários meses de oração, penitência e renovação espiritual". Não foi informado o local para onde o cardeal irá nem quando deverá sair da Escócia.
Também não foi especificada na nota que tipo de punição terá O'Brien pela conduta. Quando confirmou a renúncia e confessou os abusos sexuais, o cardeal escocês disse que passaria a vida em retiro e que não desempenharia nenhum papel público na Igreja Católica.
O pedido de renúncia foi divulgado em 18 de fevereiro, um dia após a publicação de denúncias contra ele no jornal britânico "The Observer". O dominical informou que três atuais sacerdotes e um ex-padre acusaram O'Brien de "comportamentos inapropriados" durante orações noturnas na década de 1980.
Os sacerdotes dizem que ele se aproximava de forma indevida durante as sessões, quando as supostas vítimas ainda eram seminaristas do Colégio de Saint Andrew e o atual cardeal era bispo. Não foi especificado que tipo de comportamento O'Brien tinha com os futuros sacerdotes.
Segundo o jornal, um dos denunciantes, um ex-sacerdote, disse que foi acusado na época de deixar a igreja para se casar. "Eu sabia que ele sempre teria poder sobre mim. Na época, disseram que deixei o sacerdócio para me casar. Não fiz isso, fui embora para preservar minha integridade."
O cardeal era conhecido como um defensor do conservadorismo, condenando temas polêmicos como o aborto, a eutanásia e a homossexualidade. No entanto, ele defendeu no final de fevereiro que os padres pudessem se casar.
Ele pediu que o então papa Bento 16 considerasse que a Igreja Católica precisa mudar seu pensamento em diversos temas, em especial nas regras que não possuem origem religiosa. "Jesus não disse que os sacerdotes não podiam se casar".