A principal autoridade católica na China atacou Pequim, afirmando que a ordenação no ano passado de três bispos sem a aprovação do Vaticano é ilegítima e constitui ``atos de guerra.''
O cardeal de Hong Kong, Joseph Zen, que viajou no mês passado para o Vaticano para traçar a estratégia da Santa Sé para a China, disse à BBC na sexta-feira: ``Essas três ordenações ilegítimas. São atos de guerra contra a igreja.''
``Como podem dizer que nós optamos pelo confrontamento? Eles estão fazendo uma guerra, querem destruir a igreja'', disse Zen, que lidera as dioceses católicas de Hong Kong e é conselheiro do Vaticano para assuntos chineses.
Uma batalha entre Pequim e o Vaticano sobre o controle da indicação de pessoas para cargos importantes chegou às vias de fato no ano passado, quando a igreja católica chinesa, apoiada pelo estado, ordenou os bispos sem a aprovação do papa.
Até recentemente, os bispos costumavam ser nomeados após consultas extra-oficiais com o Vaticano. Zen tem sido um crítico feroz de Pequim há muitos anos, atacando o controle exercido pelo governo comunista sobre a igreja e participando do movimento pró-democracia de Hong Kong.
Na entrevista à BBC, Zen disse que a recusa da China em aceitar a autoridade do Vaticano reverteu duas décadas de esforços para a cooperação entre as duas partes.
O Vaticano reconhece a existência de Taiwan, ilha que é considerada uma ``província rebelde'' por Pequim. Os 10 milhões de católicos chineses se dividem entre aqueles que seguem uma igreja clandestina ligada ao Vaticano e os que frequentam a igreja católica aceita pelo Estado, que respeita o papa como importante líder espiritual mas rejeita o controle efetivo do pontífice sobre seus assuntos.