O aniversário dos 200 anos da independência da Argentina começou a ser celebrado hoje com um apelo do cardeal de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, para que os políticos tenham atos de maior grandeza. Durante o Te Deum realizado na Catedral de Buenos Aires, Bergoglio reiterou o pedido para que os políticos superem "o estado de confrontação permanente".

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O discurso foi uma crítica à presidente Cristina Kirchner e a seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), acusados de promover a divisão política e social da Argentina. Ferrenho crítico do governo, Bergoglio é considerado um opositor e, por isso, a presidente boicotou a missa portenha e convocou seus seguidores para o ofício que será realizado à tarde na Catedral de Luján, província de Buenos Aires.

O cardeal leu um documento da Igreja Católica argentina no qual opina que "a celebração do Bicentenário merece um clima social e espiritual distinto" ao que o país está vivendo. "Urge recriar condições políticas e institucionais para superar o estado de confrontação permanente que aprofunda nossos males", diz um dos trechos do documento.

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Bergoglio também destacou que "a qualidade institucional é o caminho mais seguro para conseguir a inclusão de todos na comunidade nacional". O assunto é recorrente no discurso oficial mas a oposição e a opinião pública acusam o governo de desrespeitar as instituições e a autonomia delas frequentemente.

A celebração católica contou com a participação do prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri, um dos líderes da oposição à Casa Rosada. Por causa dele, Cristina não participou da sessão de Gala de reabertura do Teatro Colón, na noite de ontem. O casal Kirchner só comparece às solenidades públicas em redutos kirchneristas. A noite do Colón foi organizada por Macri e os Kirchner temiam um clima de hostilidade com a maioria de convidados opositores. Os demais líderes da oposição e os ruralistas também participaram do Te Deum portenho.

Comemorações

A agenda de comemorações do Bicentenário argentino preparada pelo governo Kirchner fomenta a divisão política no país, mas preserva os convidados especiais, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dos eventos que evidenciam o confronto entre a oposição e a Casa Rosada.

Os presidentes só começam a participar das cerimônias às 17 horas, na própria Casa Rosada, quando Cristina receberá os cumprimentos de seis chefes de Estado, além de Lula: José "Pepe" Mujica (Uruguai); Evo Morales (Bolívia); Rafael Correa (Equador); Fernando Lugo (Paraguai); Hugo Chávez (Venezuela) e Sebastián Piñera (Chile).

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Depois, eles assistirão à cerimônia de inauguração da galeria dos próceres latino-americanos e ao desfile artístico, que remonta a história do país. À noite, haverá um espetáculo de imagens e sons e uma caminhada dos chefes de Estado pela tradicional Avenida de Mayo. Finalmente, Cristina receberá 200 convidados para um jantar de gala, também na Casa Rosada. Mas, antes disso, o presidente Lula vai embarcar de volta para Brasília.