Nova Orleans (Reuters) Enquanto blocos do Mardi Gras, festa típica da terça-feira de carnaval de Nova Orleans, desfilavam, o mecânico Darrel Jackson, 49 anos, manteve a mesma rotina adotada desde que as enchentes do furacão Katrina cederam: retirar entulho das casas de vizinhos no devastado bairro de Lower Ninth Ward. Mas Jackson preferia que todo o esforço da folia fosse dedicado à limpeza da área que permanece totalmente em ruínas. É nela que vive parte dos milhares de habitantes ainda "expatriados" da cidade conhecida pelos clubes de jazz e pelas festas de carnaval, uma traidição de quase dois séculos.
"Enquanto festejam o Mardi Gras, muitos estão sem casa", diz Jackson, apontando moradias atingidas em agosto pela água que inundou a cidade após o rompimento das represas que protegiam a cidade que até agosto contava 500 mil habitantes e que hoje tem pouco mais de 200 mil. O Lower Ninth Ward era um bairro pobre, habitado majoritariamente por negros. A região não fica longe do famoso Bairro Francês, epicentro da festa de carnaval, que neste ano teve uma agenda de desfiles mais modesta. Ao contrário de Jackson, no Lower Ninth Ward, há quem veja o carnaval como uma forma de atrair os turistas que trazem recursos essenciais para que a cidade supere de vez a tragédia do Katrina.
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