Oito pessoas morreram e três ficaram feridas por causa de explosões de carros-bomba nesta sexta-feira na capital da Nigéria, segundo a polícia. Os incidentes ocorreram perto de um desfile por ocasião dos 50 anos da independência nacional.
Duas explosões, que destruíram outros três carros, aconteceram uma hora depois de o Movimento pela Emancipação do Delta do Níger (MEDN), maior milícia rebelde do país, ter alertado por e-mail que havia colocado várias bombas, e orientado as pessoas a deixarem a área.
Um cinegrafista da Reuters viu forças de segurança e bombeiros tentando controlar as chamas num carro após a primeira explosão em Abuja, quando a segunda detonação aconteceu.
"Dois carros-bomba explodiram e foi confirmada a morte de oito pessoas", disse o porta-voz policial Jimoh Moshood à Reuters.
O suntuoso desfile, com bandas militares, crianças dançando e exibições aéreas, prosseguiu normalmente.
Por causa do alerta prévio, todas as suspeitas recaem sobre o MEDN, que há anos luta por uma maior distribuição da renda do petróleo e do gás extraídos no delta do Níger.
"Vários explosivos foram plantados com sucesso no local (do desfile) e nos arredores, por agentes nossos que trabalham dentro dos serviços de segurança do governo", alertava o e-mail, remetido por Jomo Gbomo, porta-voz do MEDN. "Ao deixar a área, mantenha distância segura de veículos e cestos de lixo."
Logo depois desse alerta, o presidente Goodluck Jonathan, candidato a reeleição no começo de 2011, chegou ao desfile numa limusine blindada, antes de passar em revista as tropas num jipe conversível.
Jonathan é oriundo do delta do Níger, e muitos analistas acreditavam que sua ascensão ao poder, após o afastamento por doença e depois a morte do presidente Umaru Yar'Adua, neste ano, aliviaria as tensões entre os rebeldes e o governo central.
As celebrações do cinqüentenário levaram a uma razoável reavaliação do país entre os 140 milhões de nigerianos, pois muitos deles consideram que a Nigéria não conseguiu realizar os sonhos de seus cidadãos desde o fim do colonialismo britânico. A nação mais populosa da África já passou por várias ditaduras militares brutais e economicamente nefastas, além de uma guerra civil, na década de 1960, que deixou 1 milhão de mortos.
"A liderança frustra a nação repetidamente", disse o escritor Wole Soyinka, primeiro africano a receber o Nobel de Literatura, ao descrever a era pós-colonial como uma "geração perdida". "Foram passos para trás - um passo à frente e depois dez atrás."
Em meio a esse pessimismo, outros consideram que os dez anos ininterruptos de regime civil, junto com os lucros do petróleo, a chegada de investimentos externos e a gradual liberalização econômica, podem ajudar o país a finalmente encontrar o caminho da prosperidade.